Podemos definir o livro numa acepção mais ampla, como sendo todo e qualquer dispositivo através do qual uma civilização grava, fixa, memoriza para si e para a posteridade o conjunto de seus conhecimentos, de suas descobertas, de seus sistemas de crenças e os vôos de sua imaginação. Ou, num contexto mais moderno, segundo palavras do próprio Lucien Febvre (Martin, 1992:15): livro é o instrumento mais
poderoso de que pode dispor uma civilização para concentrar o pensamento disperso de seus representantes e conferir-lhe toda a eficácia, difundindo-o rapidamente no tecido social, com um mínimo de custos e de dificuldades. Sua função primordial é ''conferir [ao pensamento] um vigor centuplicado, uma coerência completamente nova e, por isso
mesmo, um poder incomparável de penetração e de irradiação".

(Arlindo Machado, no ensaio "Fim do livro?")

quarta-feira, 23 de junho de 2010

DESLUMBRAMENTO

POR FÁBIO AUGUSTO STEYER



Inquietos olhos de fogo
Dançam a valsa das horas
São frágeis canções de espera
Entre as pressas e demoras.

São medos que dizem tudo
Mas que nada nos revelam
Tão corajosos e inúteis
Que nem mistérios desvelam.

Os meus versos de vento
Varrem qualquer pensamento
Nesse momento
Nesse momento.
Nos teus olhos de noite, morena
Deslumbramento
Deslumbramento.

Inertes olhos de sombra
Correm nas ruas vazias
Seus nós de ausência e presença
Compõem retóricas frias.

São medos que dizem nada
Mas que tudo nos revelam
Oráculos vis e fúteis
Segredos que se rebelam.

Somente teus olhos negros
Quando destroem os meus
Mostram as dores do mundo
Flor de trovão, mão de Zeus.
São luzes que brilham mansas
Meus olhos dentro dos teus.

Os meus olhos de vento
Varrem qualquer pensamento
Nesse momento
Nesse momento.
Nos teus versos de noite, morena
Deslumbramento
Deslumbramento.

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