Podemos definir o livro numa acepção mais ampla, como sendo todo e qualquer dispositivo através do qual uma civilização grava, fixa, memoriza para si e para a posteridade o conjunto de seus conhecimentos, de suas descobertas, de seus sistemas de crenças e os vôos de sua imaginação. Ou, num contexto mais moderno, segundo palavras do próprio Lucien Febvre (Martin, 1992:15): livro é o instrumento mais
poderoso de que pode dispor uma civilização para concentrar o pensamento disperso de seus representantes e conferir-lhe toda a eficácia, difundindo-o rapidamente no tecido social, com um mínimo de custos e de dificuldades. Sua função primordial é ''conferir [ao pensamento] um vigor centuplicado, uma coerência completamente nova e, por isso
mesmo, um poder incomparável de penetração e de irradiação".

(Arlindo Machado, no ensaio "Fim do livro?")

domingo, 15 de agosto de 2010

Série de eventos marcará a celebração dos 120 anos de nascimento de Agatha Christie

DO CORREIO DO POVO - 15/08/2010

Uma série de eventos marcará a celebração dos 120 anos de nascimento da escritora Agatha Christie. Um festival está sendo organizado em Torquay, cidade natal da escritora, no Oeste da Inglaterra. Aqui no Brasil, a L&PM prepara o lançamento especial de um hotsite para os fãs da Rainha do Crime. Nele estarão informações sobre os quase 30 livros publicados na coleção Pocket, além de curiosidades em geral, como relação dos personagens mais importantes e um quiz para testar os conhecimentos do leitores internautas. O Festival de Torquay será realizado entre 12 e 19 de setembro.
Quem lembra da grande e eterna Dama do Crime, sabe que os rebentos mais expressivos da obra literária de Agatha Christie são, é claro, o detetive belga Hercule Poirot e a velhinha da cidadezinha inglesa (fictícia) St. Mary Mead, miss Jane Marple. Cada um, de seu modo, resolveram muitos e intrincados crimes, passaram para a galeria dos personagens mais famosos da história da literatura internacional e de uma certa maneira eclipsaram a lembrança de outros dois personagens, menos conhecidos, mas igualmente importantes da autora inglesa.
A dupla (e depois casal) Tommy e Tuppence já marcava presença em sua primeira aventura, "O Inimigo Secreto", de 1922. Este era o segundo título lançado de Agatha May Clarissa Mallowan, escrito logo após "O Misterioso Caso de Styles", publicado em 1920, a primeira investigação do bigodudo Poirot. A L&PM Editores, que está relançando toda a obra de Agatha Christie, curiosamente já publicou "Sócios no Crime" (com pequenas histórias da dupla e o título mais fraco da série) e a última aventura do casal, "Portal do Destino", que era inédita no Brasil. "O Inimigo Secreto", "Pressentimento Funesto" e "M ou N?" aguardam na fila."O Inimigo Secreto" é um dos melhores romances da autora. Começa com o naufrágio de um navio inglês, em plena guerra. Na hora de descer para o barco salva-vidas, a jovem chamada Jane Finn recebe um pacote misterioso das mãos de um homem desesperado. A busca pela jovem e pelo pacote marcarão a estreia de Tommy e Tuppence Beresford num caso intrincado que envolve segredos militares, espiões, traições, um político importante e um milionário americano.



terça-feira, 10 de agosto de 2010

Poesia e Música: conflitos sociais brasileiros marcados na arte barroca

POR PAOLA PEREIRA

O Barroco no Brasil se deu por volta do século XVII e a metade do século XVIII, período que corresponde à consolidação de uma aristocracia colonial brasileira. O país passava por uma série de mudanças sociais, econômicas e culturais, que nesse período tornaram-se temas centrais das produções artísticas.
A poesia barroca atravessou três fases no Brasil, e sem sombra de dúvida, a grande expressão foi Gregório de Matos e Guerra, poeta com grande veia satírica, e igualmente penetrante na religião e no amor, muitas vezes de crua carga erótica. Já no que se refere à música, temos José Mauricio Nunes Garcia, padre tímido e ingênuo que desenvolvia um estilo direto e de melodismo simples e sincero.
Gregório de Matos, mais conhecido como ‘O Boca do Inferno’ por suas criticas mordazes aos costumes da época, foi o primeiro nativo a trazer um hausto de expressividade vital a linguagem poética no Brasil, em contraste com os demais versejadores da época colonial. A critica descortina o fato de o autor ter dotado sua obra de violento sopro de vida, quando a poesia barroca, em geral era artificiosa e fria. Vale mencionar que não podemos vê-lo apenas como um poeta satírico, mas também como poeta religioso e mesmo como poeta lírico se tornou um dos mais representativos do barroco brasileiro.
Suas poesias satíricas nos revelam seu espírito critico; a critica ao brasileiro explorado pelo colonizador, a critica ao próprio colonizador português, ao clero e aos costumes da sociedade baiana:

A cada canto um grande conselheiro,
Que nos quer governar cabana e vinha:
Não sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro!

Em cada porta um bem freqüente olheiro
Da vida do vizinho e da vizinha,
Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha
Para o levar a praça e ao terreiro

Muitos mulatos desavergonhados,
Trazidos pelos pés aos homens nobres;
Posta nas palmas toda a picardia

Estupendas usuras nos mercados:
Todos os que não furtam, muito pobres:
Eis aqui a cidade de Bahia

Portanto, como é possível perceber pelo poema, Matos satiriza os fofoqueiros, ladrões e agiotas incompetentes.
Além da poesia literária, temos outra face de expressão cultural: a música, que também está repleta de marcas sociais.Sua trajetória, ao contrario das outras artes no barroco brasileiro, é das menos conhecidas e das que nos deixou menos relíquias.
Os teóricos barroquistas citam um famoso soneto de Mariano (também barroco):

E DEL POETA IL FIN LA MERAVIGLIA
CHI NON AS FAR STUPIR, VADA ALTA STRIGLIA.

A música tem que ser maravilhosa, grandiosa, produzir espanto no ouvinte, atacar nossos sentidos e ter muitos bordados e volutas. Ela nos mostra a vitória do individuo sobre o coro. Esse gênero instituiu a soberania do cantor: ele é o centro e é em torno dele que se monta todo o espetáculo. O tempo do interprete era o do prazer ou o do desprazer mundano; o êxtase religioso era uma forma de manifestar a sensibilidade ao extremo.
rande parte da prática e do ensino era conduzida pelos religiosos, o que mais se produziu foi no gênero sacro, no qual o religioso potencializava o real e as suas perspectivas em razão de seus sonhos, desejos e crenças mais profundos, ditos através dessa linguagem sensível e simbólica em missas, motetos, antífonas, ladainhas e salmos, seja a capella, seja para solista com coro e orquestra.Os louvores, em sua maioria eram marcados pela percussão, e ampliados pelo uníssono do coro e sublinhados pelos metais.
Padre José Mauricio Nunes Garcia é considerado um dos maiores compositores das Américas do seu tempo (1767-1830). Sua inapetência para a música profana foi uma de suas pedras de tropeço em uma sociedade marcada de desonestidade, corrupção, carregada de ambições e sexualidade desenfreada.
A maior parte de suas composições estão voltadas para a música sacra, como TOTA PULCHRA ES MARIA (1783); ECCE SACERDOS (1798); BENDITO E LOUVADO SEJA (1814-1815), entre tantas outras. Mas também são de sua autoria e merecedoras de destaque as músicas dramáticas, orquestral e as modinhas, dentre elas No Momento da Partida e Beijo A Mão Que Me Condena:

Beijo a Mão Que Me Condena ( modinha )
Padre José Mauricio Nunes Garcia

Beijo a mão que me condena
a ser sempre desgraçado
obedeço ao meu destino
respeito o poder do fado

Que eu ame, tanto sem ser amado
Sou infeliz, sou desgraçado.

Contrapondo-se ao Padre Nunes Garcia temos Caetano Melo de Jesus, ao qual é atribuída, por muitas vezes a autoria de Cantata Acadêmica, obra entendida por muitos como ótimo exemplo da retórica típica da época. Assim como Gregório de Matos, Melo segue uma vertente de produção musical voltada para o profano:

(...)

“E bem que quis a mísera fortuna,
Que vos fosse molesta e que importuna
A hospedagem, Senhor, desta Bahia.

Sabem os céus e testemunha sejam,
Que dela os naturais só vos desejam
Faustos anos de vida e saúde,
De prospera alegria, pela afável virtude

De vossa generosa urbanidade,
Com que a todos honrais, desta cidade!

(...)

Oh! Quem me dera a voz, que dera a lira
De Anfião e de Orfeu, que arrebatava os montes
E fundava cidades, pois com elas erigira

Um templo que servisse por memória
E eterno momento á vossa glória!

(...)

Oh! Se também tivera o canto grave
Da filomela doce e cisne suave,
Vosso louvor, sem pausa, cantaria,
Com cláusula melhor, mais harmonia.”

Os poetas e os músicos evadiram-se pelo culto exagerado da forma, sobrecarregando a poesia de figuras como a metáfora, a antítese, a hipérbole e a alegoria, voltando-se também para uma ornamentação musical mais elaborada e a combinação de instrumentações e vozes mais variadas em conjunto a oratórios e cantatas.
Tanto a poesia quanto a música barroca são marcadas por uma linguagem complicada, excessivamente trabalhada através de expressões eruditas, de uma sintaxe extremamente rebuscada, com o uso freqüente de idéias apresentadas em ordem inversa, repetições e paralelismos. É fato que ambos apresentam uma característica que é muito forte: o pessimismo, onde a vida terrena é vista como triste, cheia de sofrimentos, enquanto a vida celestial é luminosa e tranqüila.
Hoje muitas pesquisas continuam revelando obras musicais que foram dadas como perdidas, enriquecendo o nosso conhecimento sobre um campo que pouco conhecemos, onde existe muito para resgatar e entender. Mas com esse breve levantamento já conseguimos perceber que a música atuava como ‘processo’ de significado social, assim como a literatura e as demais artes, abordando os conflitos existenciais: fé x razão, teocentrismo x antropocentrismo, corrupções, desonestidades, que eram questões muito discutidas no século XVIII, e ainda presentes em pleno século XXI.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

E COMEÇA A FLIP...

INFORMAÇÕES DA FOLHA DE SÃO PAULO



Neste ano, a Flip (Feira Literária Internacional de Paraty) recebe 32 autores distribuídos em 18 mesas entre os cinco dias de festival (de 04 a 08 de agosto).

Na mesa que abre esta edição do evento, o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso, que fala sobre a obra de Gilberto Freyre.
Destaque ainda para Ferreira Gullar, Moacyr Scliar, Isabel Allende, Robert Crumb, Colum McCann e Salman Rushdie.
Veja abaixo a programação completa da Flip neste ano.
Quarta-feira (04/08)
19h - Conferência de abertura com Fernando Henrique Cardoso e Luiz Felipe de Alencastro
21h30 - Show de abertura com Edu Lobo, Renata Rosa, Marcelo Jeneci e Quarteto de cordas da Academia da Osesp
Quinta-feira (05/08)
10h - Mesa 1 ("Ao Correr da Pena", com Edson Nery da Fonseca, Moacyr Scliar e Ricardo Benzaquen)
12h - Mesa 2 ("De frente pro Crime", com Patrícia Melo e Lionel Shriver)
15h - Mesa 3 ("Fábulas Contemporâneas", com Reinaldo Moraes, Ronaldo Correia de Brito e Beatriz Bracher)
17h15 - Mesa 4 ("Veias Abertas", com Isabel Allende)
19h30 - Mesa 5 ("O Livro: Capítulo 1", com Peter Burke e Robert Darnton)
Sexta-feira (06/08)
10h - Mesa 6 ("O livro: Capítulo 2", com Robert Darnton e John Makinson)
12h - Mesa 7 ("Além da Casa-Grande", com Alberto da Costa e Silva, Maria Lúcia Pallares-Burke e Ângela Alonso)
15h - Mesa 8 ("Chá Pós-Colonial", com William Boyd e Pauline Melville)
17h15 - Mesa 9 ("Promessas de Um Velho Mundo", com A. B. Yehoshua e Azar Nafisi)
19h30 - Mesa 10 ("Em Nome do Filho", com Salman Rushdie)
Sábado (07/08)
10h - Mesa 11 ("Andar com Fé", com Terry Eagleton)
15h - Leitura ("Alguma Poesia", com Chacal, Antonio Cicero, Ferreira Gullar e Eucanaã Ferraz)
17h15 - Mesa 13 ("Gullar, 80", com Ferreira Gullar)
19h30 - Mesa 14 ("A Origem do Universo", com Robert Crumb e Gilbert Shelton)
21h45 - Filme ("José & Pilar", com Miguel Gonçalves Mendes)
Domingo (08/08)
09h30 - Mesa Zé Kléber ("Paraty: Passando o Futuro a Limpo", com Victor Zveibil, Ana Carla Fonseca is e Luís Perequê)
11h45 - Mesa 16 ("Gilberto Freyre e o Século 21", com José de Souza Martins, Peter Burke e Hermano Vianna)
14h30 - Mesa 17 ("Cartas, Diários e Outras Subversões", com Wendy Guerra e Carola Saavedra)
16h30 - Mesa 18 ("Nacional, Estrangeiro", com Benjamin Moser e Berthold Zilly)
18h15 - Mesa 19 ("Livro de Cabeceira", em que convidados da Flip leem trechos de seus livros prediletos)

Conheça abaixo todos os autores que participam da Flip neste ano.
Abraham B. Yehoshua (1936 - Israel)
Alberto da Costa e Silva (1931 - Brasil)
Angela Alonso (1969 - Brasil)
Azar Nafisi (1955 - Irã)
Beatriz Bracher (1961 - Brasil)
Benjamin Moser (1976 - EUA)
Berthold Zilly (1945 - Alemanha)
Carola Saavedra (1973 - Chile)
Colum McCann (1965 - Irlanda)
Edson Nery da Fonseca (1921 - Brasil)
Fernando Henrique Cardoso (1931 - Brasil)
Ferreira Gullar (1930 - Brasil)
Gilbert Shelton (1940 - EUA)
Hermano Vianna (1960 - Brasil)
Isabel Allende (1942 - Peru)
John Makinson (1954 - Inglaterra)
Lionel Shriver (1957 - EUA)
Luiz Felipe de Alencastro (1946 - Brasil)
Maria Lúcia Garcia Pallares-Burke (1946 - Brasil)
Moacyr Scliar (1937 - Brasil)
Patrícia Melo (1963 - Brasil)
Pauline Melville (1946 - Guiana)
Peter Burke (1937 - Inglaterra)
Ricardo Benzaquen (1952 - Brasil)
Robert Crumb (1943 - EUA)
Robert Darnton (1939 - EUA)
Ronaldo Correia de Brito (1950 - Brasil)
Salman Rushdie (1947 - Índia)
Terry Eagleton (1943 - Inglaterra)
Wendy Guerra (1970 - Cuba)
William Boyd (1952 - Gana)
William Kennedy (1928 - EUA)

SÃO FEIAS... MAS SÃO MULHERES!

POR ROSMARIO ZAPORA



Hoje em dia a beleza é fundamental... Assim declara a mídia e ainda fala o significado de beleza: mulheres magras, com rosto perfeito e sem nenhuma mancha. Mas nem sempre foi assim, outrora a beleza era de diferentes maneiras e às vezes isolada. E para comprovar isto mostrarei o ponto de vista de um grande admirador da beleza feminina, o poeta Gregório de Matos.
Viveu na Bahia no século XVII, em uma época que existiam muitos tipos e raças de mulheres: brancas, negras, baixas, altas, velhas, novas, viúvas, casadas, solteiras, fidalgas, escravas, freiras e prostitutas; e teve o prazer de apaixonar-se e possuir várias de cada gênero.
Ao contrário do que pensam hoje, Gregório via nas mulheres belezas distintas e raras em mínimos detalhes, e em cada mirada seu desejo brotava e sua vontade de tê-las crescia.
Desde seus tempos de criança, quando aluno em colégios jesuítas, já admirava figuras e imagens de mulheres e santas em livros que lia, e com o passar do tempo tomou gosto e prazer em fazer isto.
“São feias, mas são mulheres”... Estas palavras que o poeta adorava repertir explicam que não interessava- lhe a beleza por um todo, mas a beleza que contém a mulher, seus corpos despertavam lhe os mais diversos sentimentos, desde o mais terno ao mais voraz.
Ao passar uma escrava, não pensava que era uma escrava e sim uma mulher, com um belo molejo em seus quadris, com seus seios arredondados, que muitas vezes tivera a sorte e o prazer de velos, para fora das roupas surradas e sujas das cativas, e os belos pés negros descalços pelas ruas da Bahia.
Quando via uma nobre fidalga, muitas vezes de rostos marcados pelas primaveras vividas, apreciava uma orelha bem desenhada, um belo par de tornozelos, que por descuido apareciam no levantar das várias faldas que utilizavam.
As prostitutas... Ah as prostitutas, as suas primeiras fãs, nenhum homem travava elas igual Gregório. Sempre após de possuir uma delas, e sempre com muito carinho e desejo, recitava poesia ou contava algo interessante, coisas que elas adoravam.
Gregório apreciava delicadezas e até mesmo as grosserias, sim, grosserias, por que uma mulher furiosa tem feições penetrantes. As formas da mulher era umas das coisas que mais sabia admirar e gostava de fazer: as belas coxas grossas, nádegas avantajadas, mãos macias, etc.
Talvez um pensamento de Gregório possa se comparar com os pensamentos de hoje, ou pelo menos a idéia central, que as mulheres são demônios.
Hoje uma grande parte dos homens pensam que elas, na maior parte do dia, só servem para falar da vida alheia, arrumar conflitos, gasta dinheiro e se preocupar com coisas fúteis, não que Gregório de Matos não pensara isto também, mas pensava mais nas mulheres demônios no amor. As mulheres quando possuídas na cama se transformavam, as santas se tornavam pecadoras enlouquecidas, as com rostos celestiais eram as mais perigosas e as feias e gordas também não ficavam atrás.
Tudo isto que escrevo nestas linhas é comprovado pelos belos poemas que fez, como por exemplo, para Ângela de raríssima formosura, ou então para Custódia, sua parenta. Declarava-se de várias formas, inclusive com instrumentos, como fez para Catarina a quem dedilhou ternamente as cordas da lira. O poema a seguir é um dos exemplos, que fez a Maria dos Povos, um rebento de amor que viera ser sua esposa no futuro:

“Discreta e formosíssima Maria,
Enquanto estamos vendo a qualquer hora
Em tuas faces a rosada Aurora,
Em teus olhos, e boca o Sol, e o dia:
Enquanto com gentil descortesia
O ar, que fresco Adônis te namora,
Te espalha a rica trança voadora,
Quanto vem passear-te pela fria:
Goza, goza, da flor da mocidade,
Que o tempo trota a toda ligeireza,
E imprime em toda a flor sua pisada.
Oh não aguardes, que a madura idade
Te converta em flor, essa beleza
Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada.”


Como falei acima, ele sem preconceitos, gostara de todas as raças, este exemplo a seguir, é para demonstrar o afeto que tinhas pelas belas mulatas:



Minha rica mulatinha,
desvelo e cuidado meu,
eu já fora todo teu,
e tu foras toda minha;
Juro-te, minha vidinha,
se acaso minha qués ser,
que todo me hei de acender
em ser teu amante fino pois
por ti já perco o tino,
e ando para morrer.

Estas poesias mostram bem o seu parecer sobre as mulheres, a imagem de anjos e ao mesmo tempo uma fonte de pecados, fonte esta que tanto gostara de beber e esbaldar se.
Claro que nem sempre obtera sucesso, mas mesmo assim não deixara de as amar ou querelas, muito ao contrário do que as vezes ocorre hoje, que um simples não, transforma a formosa e bela guria, em uma arrogante e horrível prostituta.
Creio que o que escrevi aqui pode ser um grande exemplo de um grande conqusitador mas acima de tudo um observador. Observador que mostra nos o quão importante é ver uma mulher com olhos de poeta, ver que todas elas têm suas belezas e defeitos, mas que fazem delas mulheres, um anjo e demônio ao mesmo tempo, que não vivemos sem, e isso Gregório sabia e muito bem. Podem ser magras, com rosto perfeito e sem nenhuma mancha, mas também gordas com marcas de expressões, amargas e nervosas, doceis e amáveis, morenas e claras, lindas ou feias... feias, mas são mulheres.

REFERÊNCIAS
• MIRANDA, A, Boca do Inferno, 1989;
• http://pt.wikipedia.org;
• http://www.infoescola.com/escritores/gregorio-de-matos-guerra/;
• http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/sala_de_aula/portugues/literatura_brasileira/autores/lirica;
• http://www.filologia.org.br/ixcnlf/2/01.htm
• http://www.cce.ufsc.br/~nupill/literatura/picaros.html.