Podemos definir o livro numa acepção mais ampla, como sendo todo e qualquer dispositivo através do qual uma civilização grava, fixa, memoriza para si e para a posteridade o conjunto de seus conhecimentos, de suas descobertas, de seus sistemas de crenças e os vôos de sua imaginação. Ou, num contexto mais moderno, segundo palavras do próprio Lucien Febvre (Martin, 1992:15): livro é o instrumento mais
poderoso de que pode dispor uma civilização para concentrar o pensamento disperso de seus representantes e conferir-lhe toda a eficácia, difundindo-o rapidamente no tecido social, com um mínimo de custos e de dificuldades. Sua função primordial é ''conferir [ao pensamento] um vigor centuplicado, uma coerência completamente nova e, por isso
mesmo, um poder incomparável de penetração e de irradiação".

(Arlindo Machado, no ensaio "Fim do livro?")

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Na espera pelo iPad, editoras adaptam seus livros para lançamento do tablet no Brasil

DO SITE UOL/TECNOLOGIA/19/10/2010
A Apple lançou o iPad oficialmente em abril, nos Estados Unidos. Desde então, o tablet já foi comprado extraoficialmente por brasileiros, chegou a diversos países e recebeu autorização da Anatel para ser vendido no Brasil – ainda assim, nada de sua comercialização ter início por aqui. Enquanto aguardam o lançamento, as editoras trabalham para disponibilizar aos consumidores versões compatíveis com o iPad de seus livros existentes no formato tradicional. Nos Estados Unidos, essa alternativa mostrou-se válida: os e-books já superaram os livros de capa dura na gigante Amazon.com.
Em agosto, por exemplo, a livraria Saraiva anunciou a disponibilidade de seu aplicativo de leitura para o iPad e iPhone, que pode ser baixado na loja de aplicativos App Store, da Apple. "Estimamos, hoje, 40 mil iPads no Brasil e é esse público que queremos atingir", afirmou Marcílio Pousada, presidente da empresa. A Saraiva, que pretende ter até o final do ano 5 mil livros digitalizados, tem arquivos nos formatos PDF e ePUB, compatíveis com o iPad, o Alfa, da Positivo, o Sony Reader e o Cool-er, da Gato Sabido.
Os usuários de leitores digitais devem ficar sempre atentos aos formatos disponíveis para cada tipo de eletrônico – é justamente esse o desafio das editoras, que querem tornar seu material compatível com os produtos da Apple. Além de PDF e ePUB há diversas outras siglas que podem acabar confundindo e atrapalhando o consumidor: DOC, TXT, HTML, MOBI e TRT, por exemplo. A gigante Amazon, uma referência no mercado de e-books, criou até um formato próprio para o conteúdo compatível com o Kindle (AZW e AZW1).
A Singular, empresa da editora Ediouro, também se adapta para conquistar no Brasil novos leitores entre os fãs da Apple. “Temos arquivos digitais sendo vendidos pelos principais sites do país, que podem rodar nos aparelhos já disponíveis no Brasil. Mas ainda temos de nos adaptar à plataforma do iPad, que exige itens diferenciados, pois os arquivos serão vendidos pela loja virtual da Apple. Além disso, o gadget oferece cores e funções interativas, como som e a possibilidade de ler o texto na vertical ou na horizontal”, afirma Newton Neto, diretor de mídias digitais e tecnologia da Singular.
Essa interatividade que o aparelho possibilita funciona como um chamariz e também pode reforçar o lucro das editoras. ”Com o tablet, conseguimos dar mais realidade e nitidez aos desenhos, o que não acontece com os leitores digitais vendidos atualmente no Brasil”, explica Mauro Palermo, diretor da Globo Livros. Durante a Bienal Internacional do Livro, a empresa disponibilizou o primeiro capítulo da obra “A menina do narizinho arrebitado”, de Monteiro Lobato, para iPad. “Até o fim do ano, teremos o livro completo e outras obras ilustradas, que serão rediagramadas para se encaixarem ao tamanho e estrutura do aparelho.”
Apesar da empolgação de muitos, a editora Contexto não vê o gadget da Apple como um “divisor de águas” no setor de mídias impressas. “Faz bastante tempo que estamos nos preparando para a venda do livro digital: tanto que grande parte dos nossos contratos já tem previsto o comércio deste tipo de arquivo. Mas não vamos dar exclusividade para um aparelho ou outro. Queremos disponibilizar um e-book que rode em todos os e-readers”, explicou Daniel Pinsky, diretor da empresa.
E a pirataria?
Outra iniciativa estudada pelas editoras é oferecer, junto com os textos, vídeos e disponibilizar uma forma de escutar a versão digital. Com essas exclusividades, as empresas acreditam que será mais difícil os leitores optarem por versões pirateadas. “Estamos criando uma versão 2.0 dos e-books, à qual o consumidor terá acesso com um código passado durante o ato da compra”, explica Neto, da Singular.
O valor dos e-books deve ser mais baixo que o cobrado para os livros impressos, porque na versão tradicional está embutido o preço das obras que não foram vendidas, do frete e da gráfica, entre outras coisas. “Retirando esses custos, o produto fica cerca de 65% mais barato. Assim, o leitor que investiu no aparelho vai aos poucos recuperando o valor, economizando na compra dos livros”, afirma o diretor da Globo Livros.
Os arquivos digitais também terão o chamado DRM (Digital Rights Management; gerenciamento dos direitos digitais), uma plataforma de segurança escolhida pela maioria das editoras brasileiras para proteger os arquivos de cópias não autorizadas. Assim, o usuário baixará o arquivo e não conseguirá repassá-lo.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

PUCRS REALIZA 27ª EDIÇÃO DO SEMINÁRIO BRASILEIRO DE CRÍTICA LITERÁRIA

XXVII Seminário Brasileiro de Crítica Literária e XXVI Seminário de Crítica do Rio Grande do Sul

Coordenadora: Sissa Jacoby
Início: 06/12/2010
Informações Gerais:

Unidade Promotora: Faculdade de Letras

Duração: 06/12/2010 - 09/12/2010

Carga horária: 12 horas/aula

Segunda a quinta-feira: 14h às 18h

Local: auditório - prédio 8

Informações e inscrições:

Local: Prédio 40 - Sala 201

Horário: Segunda a sexta-feira - 08h às 12 - 13h30min às 19h



Investimento:

Público geral: R$ 35,00

Público geral + comunicação: R$ 70,00

Minicurso(evento paralelo): R$ 35,00



Público-alvo:

Pesquisadores, professores, aluno de letras e demais interessados



Programação:

Tema: Guimarães Rosa e a Crítica Literária

Homenagem: 110 anos do nascimento de Reynaldo Moura

Período: 07 a 09/12//2010

Horário: 14h às 18h

Local: Auditório Ir. Elvo Clemente - Prédio 08

Presidente de Honra: Prof. Dr. Dileta Silveira Martins



07 DE DEZEMBRO DE 2010



14h Abertura

Prof. Dr. Noelci Fagundes da Rocha (Sissa Jacoby) - PUCRS

Prof. Dr. Sergio Luiz Prado Bellei - PUCRS

Prof. Dr. Dileta Silveira Martins - Presidente de Honra - PUCRS



14h30min - Conferência de Abertura

Forma literária e crítica da lógica racionalista em Guimarães Rosa

Prof. Dr. João Adolfo Hansen - USP



16h30min às 18h

Sessões de Comunicações



08 DE DEZEMBRO DE 2010



14h - Mesa 01: Grande Sertão: Veredas - fortuna crítica

Grande Sertão: Veredas e a psicanálise

Prof. Dr. Márcia Marques de Morais - PUC-Minas

Grande Sertão: Veredas - um olhar sobre a fortuna crítica

Prof. Dr. Cláudia Campos Soares - UFMG



16h30min - Mesa 02: 110 anos do nascimento de Reynaldo Moura

As instâncias do sujeito em Reynaldo Moura

Prof. Dr. Maria Luiza Ritzel Remédios - PUCRS

Reynaldo Moura: publicações na imprensa

Prof. Dr. Cláudia Peixoto de Moura - PUCRS



09 DE DEZEMBRO DE 2010



14h - Conferência de Encerramento

Nietzsche, Walter Benjamin, Guimarães Rosa: uma ideia de história

Prof. Dr. Luiz Roncari - USP



16h às 18h - Sessões de Comunicações



EVENTO PARALELO (Minicurso)

Curso: Buriti do Brasil e da Grécia: patriarcalismo e dionisismo no sertão

Ministrante: Prof. Dr. Luiz Roncari - USP

De 06 a 09 de dezembro de 2010, das 8h30min às 11h30min.

Prédio 08 - Auditório Ir. Elvo Clemente (Sala 305) PUCRS

PROEX - Pró-Reitoria de Extensão - Av Ipiranga, 6681 - Prédio 40 - Sala 201 - Porto Alegre/RS - Brasil

CEP 90619-900 - Fone/FAX: (51) 3320 3680/ (51) 3320 3543 - E-mail: proexsecretaria@pucrs.br

FENATA MOVIMENTA A VIDA CULTURAL DE PONTA GROSSA

DO SITE DA UEPG
05/10/2010
Vinte e dois grupos teatrais procedentes de 15 cidades brasileiras, representando seis estados do país, deverão confirmar participação na trigésima oitava edição do “Festival Nacional de Teatro (Fenata)”, impreterivelmente, até quarta-feira próxima, dia 6, conforme anuncia a coordenação do evento. Das 120 inscrições de grupos provenientes do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Ceará e do Paraná, número recorde em número de trupes inscritas em relação à edição 2009 do festival, a comissão de seleção do ‘Fenata 2010’ – constituída por Antonio José do Valle, diretor de teatro e produtor cultural em São Paulo capital; e Cláudio Mendel, ator e diretor teatral em São José dos Campos (SP) – classificou 25 espetáculos para as mostras competitivas ‘adulto’ e ‘para crianças’, bem como para as mostras nas categorias ‘bonecos e animação’ e ‘teatro de rua’ (não competitivas), que representam a participação de 22 grupos em oito dias de programação em espaços culturais e alternativos da cidade de Ponta Grossa (PR).
O festival promovido pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), através da Divisão de Assuntos Culturais (DAC) – Proex - Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Culturais, acontece de 4 a 11 de novembro próximo, sob a chancela do Ministério da Cultura / Lei de Incentivo à Cultura, Caixa Econômica Federal, Concessionária RodoNorte – Grupo CCR, Tratornew / New Holland, CVL – Comércio de Veículos Ltda., Colégio Sepam, Grupo MM – Mercadomóveis e Winner Chemical. Para a realização do evento, ainda, a UEPG / Proex-DAC conta com parcerias da Prefeitura de Ponta Grossa / Secretaria de Cultura e Turismo, Colégio Marista Pio XII, SESC-Ponta Grossa e prefeituras de Carambeí e Palmeira; e apoios da VCG – Viação Campos Gerais, TV Educativa de Ponta Grossa, TVM Canal 14 (a cabo), Idéia Três Arquitetura de Negócios e revista D’Pontaponta.
Para a mostra na categoria ‘adulto’, a mais concorrida do festival, sete espetáculos foram selecionados, garantindo a presença de trupes inscritas por quatro estados brasileiros, com sessões no Cine-Teatro Ópera. De Tatuí (SP), a ‘Cia. de Teatro do Conservatório’ deverá se apresentar com a montagem “Rosa de Cabriúna”; enquanto gaúchos do grupo ‘Farsa’ (Porto Alegre) lograram classificação com a peça “O Avarento”. ‘Os Ciclomáticos Companhia de Teatro’, da cidade do Rio de Janeiro, terão espaço para se exibirem com o espetáculo “Amargasalmas”. Da cidade de São José do Rio Preto (SP), a montagem “Rastro Atrás” vai marcar a apresentação da ‘Cooperativa Arquetípica de Teatro’. Com a peça “As Criadas”, os mineiros da ‘Cia. Teatral Confraria Tambor’ (Uberlândia) asseguraram sua classificação no festival. Outro espetáculo paulista, mas procedente da capital, garante sua participação no festival, através do grupo ‘Folias’, em “Medida por Medida”. Da Grande São Paulo, mais uma vez, a montagem “Cachorro Morto” deverá assinalar a exibição da ‘Cia. Hiato’.

PARA CRIANÇAS
Cinco montagens para a mostra dirigida a ‘crianças’, dentro da programação a ser apresentada no Teatro Marista, tiveram sua seleção através da curadoria especialmente designada pela coordenação do evento. Para tanto, o festival poderá contar com as presenças das companhias ‘Lona de Retalhos e Estrela D’Alva de Teatro’ (Santo André-SP), em “A Incrível Batalha pelo Tesouro de Laduê”; ‘Atores em Cena’, de Niterói (RJ), na montagem “O Rico Avarento e outras histórias de Ariano Suassuna”; ‘República Ativa de Teatro’, com a peça “O Cavalinho Azul”; ‘Núcleo Girândola’, na apresentação do espetáculo “Melancia e Coco Verde”; e ‘Cia. Cornucópia de Teatro’, em “São Jorge e o Dragão”.

BONECOS & ANIMAÇÃO
Oito montagens foram selecionadas para a mostra de ‘espetáculos de bonecos e animação”, em duas categorias: cinco peças ‘para crianças’ e três para ‘adultos’. Para a plateia infanto-juvenil, as apresentações deverão ficar por conta dos grupos ‘Marisa Basso Formas Animadas’ (Bauru-SP), em “João come Feijão”; ‘Companhia Etc. e Tal Artes Cênicas e Manipuladora de Formas’, de Itajaí (SC), na peça “As Incríveis Histórias de Joe em Coragem pra Quem Tem Medo”; ‘Apatotadoteatro’ (Florianópolis-SC), na montagem “Lá, no Fundo do Mar...”; ‘Morpheus Teatro’, de São Paulo-SP, com o espetáculo “Pés Descalços”; e ‘Cia. Clara Teatral’ (Mogi das Cruzes-SP), em “Coisas de Menino-Boneco”. Na categoria ‘adulto’, três montagens deverão ser exibidas por dois grupos: “Pequenas Coisas” e “O Princípio do Espanto”, com o grupo ‘Morpheus Teatro’ (São Paulo-SP); e “O Beco”, na apresentação da ‘Cia. Fantokid’s Teatro de Bonecos’, de Maringá (PR).

ESPETÁCULOS DE RUA
Grupos de São Paulo capital, Presidente Prudente (SP) e de Curitiba foram classificados para a mostra de ‘espetáculos de rua’, que deverá contar com cinco apresentações em locais a serem definidos ainda pela comissão organizadora do festival – provavelmente no Calçadão da Coronel Cláudio e no Parque Ambiental, a exemplo de edições anteriores. As trupes paulistanas entraram na seleção com as peças “A Folia no Terreiro de Seu Mané Pacaru” (Mamulengo da Folia) e “Ser Tão Ser – Narrativas da Outra Margem” (Buraco D’Oráculo). De Presidente Prudente, o grupo ‘Rosa dos Ventos’ logrou classificação com duas montagens: “Saltimbembe Mambembancos” e “A Farsa do Advogado Pathelin”. Finalmente, a mostra poderá fechar com a participação do grupo curitibano ‘Arte da Comédia’, em “As Espertezas de Arlequim”. Para cada mostra do ‘38º Fenata’, os curadores Cláudio Mendel e Antonio do Valle selecionaram espetáculos suplentes, num total de dez montagens, diante de imprevistos que ocorrem sempre com algum ou mais grupos classificados, na fase em que todos deverão confirmar a sua participação no evento.





sábado, 18 de setembro de 2010

OS FAMOSOS E O DUENDE DA MORTE

POR FÁBIO AUGUSTO STEYER

Hoje pela manhã, durante a programação do II Simpósio Internacional Diálogos na Contemporaneidade, na UNIVATES, em Lajeado - RS, tive a oportunidade de participar de debate com o escritor Ismael Caneppele, autor do livro "Os famosos e o duende da morte", cuja adaptação cinematográfica, de mesmo nome, tem arrebatado prêmios e mais prêmios por onde passa, em todo o mundo.

O jovem escritor, na sua fala, instigou a platéia sobre uma série de temas extremamente importantes no mundo contemporâneo. Os prós e contras da internet, com seus "tempos líquidos e espaços fluídicos", a necessidade de rever o conceito de literatura no mundo das novas tecnologias, a importância de o meio acadêmico (no caso, a UNIVATES) dar espaço a um autor que (ainda) não é canônico, etc.
Também assistimos ao filme, certamente a melhor experiência cinematográfica que tive neste ano de 2010.
Não é à toa que ele tem recebido tantos prêmios...
O enredo: um adolescente que mora numa cidade de interior se sente completamente deslocado daquela realidade, de onde quer fugir. Os planos longos e fixos, com lentos movimentos de câmera, a neblina, os silêncios e a opção da direção de fotografia e da trilha sonora do filme dão o tom perfeito para essa opressão. Três gerações se contrapõem: a do adolescente, a da mãe e a dos avós, que vivem todos numa cidade de imigração alemã no interior do Rio Grande do Sul.
É a Lajeado da adolescência de Ismael, como ele mesmo diz, com todas as suas experiências e vivências. Quem é do Vale do Taquari (meu caso) reconhece o "espírito" da região na própria composição da montagem, e também em questões mais óbvias como o típico sotaque dos descendentes de alemães que vivem na região, as locações e a voz de Paulo Rogério, locutor da Rádio Independente, noticiando os falecimentos do dia. Mas o filme poderia se passar em qualquer lugar do mundo. Suas personagens poderiam estar "vivendinho" nos Campos Gerais do Paraná, por exemplo. É universal, tanto na temática quanto na forma com que se utiliza da linguagem cinematográfica para questionar coisas fundamentais do ser humano.
Restam três opções para a personagem principal sair daquele mundo que a oprime: navegar pela internet, sair da cidade pela estrada (atravessar a ponte) ou então se suicidar, na mesma ponte, que serve de cenário para boa parte do filme...
O belíssimo plano final não nos dá resposta alguma. Especialmente se esperamos uma resposta definitiva.
Resta dizer, conforme afirma o próprio autor do livro, que o mais importante da obra é a seguinte frase:
"Estar perto não é físico."
Será?
Cabe ao leitor refletir.
O certo é que é impossível ficar indiferente a esta magnifíca experiência cinematográfica.
Vou correndo comprar o livro...

CLIQUE AQUI E VEJA O TRAILER DO FILME

sábado, 4 de setembro de 2010

Misto de improviso e sorte marcaram a Independência

DA GAZETA DO POVO
04/09/2010

Apesar de a Independência ter sido declarada em 1822, demorou nove anos para que o Brasil deixasse efetivamente de pertencer aos domínios de Portugal: só em 1831, com a abdicação do imperador dom Pedro I, é que os brasileiros sentiram, na prática, o que significou o grito de independência ou morte. Antes de dom Pedro largar o poder, o país – mesmo em sua suposta liberdade – continuou sendo governado por um imperador que se dividia entre os interesses brasileiros e portugueses. Com a morte do pai dele, dom João VI, em 1826, por exemplo, a Cons­tituição lusitana foi aplicada por aqui também.
Dom Pedro quis manter um pé em cada canoa e isso contribuiu para desgastar a figura dele durante o primeiro reinado. Ele ainda estava de olho, ao mesmo tempo, nos futuros tronos de Brasil e Portugal. Tanto que aqui deixou seu filho e lá conseguiu tornar imperadora a filha mais velha, Maria da Glória, que ficou com o título de Maria II. “Dom Pedro rapidamente se converte de herói a vilão. Depois do grito da independência, ele é coroado em 1.º de dezembro. É o grande herói nacional celebrado no país inteiro. Mas sua índole autoritária e seu romance com a amante Marquesa de Santos ajudam a enfraquecer sua imagem”, afirma o jornalista Laurentino Gomes, que acaba de lançar o segundo livro sobre a His­tória do Brasil. O novo título é 1822, em que o autor analisa um período de 13 anos, do retorno de dom João VI a Portugal, em 1821, até a morte de dom Pedro I, em 1834.
Seria mesmo dom Pedro capaz de morrer pelo Brasil, como prometeu no dia 7 de setembro? Laurentino acredita que sim, “porque ele era brasileiro de coração”. Devido às circunstâncias políticas da época, contudo, ele acaba sendo obrigado a cuidar também dos interesses de Portugal. “É uma opção difícil que o deixa fragilizado diante dos brasileiros. Ele vai a Portugal em 7 de abril de 1831 para enfrentar o irmão mais novo, dom Miguel, que havia dado um golpe para chegar ao poder. Ele recupera o trono e o entrega a sua filha”, diz.
“O livro mostra que Brasil era este que ficava para trás com o retorno de dom João VI a Portugal. Eu teria razões suficientes para acreditar, ao ver o país em 1822, que ele seria inviável na sua forma atual.”
O livro 1822, de Laurentino Gomes, traz detalhes da História pouco conhecidos pelos brasileiros. Um deles é o fato de dom Pedro I ter tido 20 filhos em relações extraconjugais e ter reconhecido a paternidade de todos eles. “Era um pai amoroso que trocava cartas com todos. Só que na monarquia as pessoas, antes de serem de carne e osso, eram instituições do Estado. O que quero dizer é que o fato de ele deixar no Brasil, com 5 anos, o filho dom Pedro II foi feito se pensando que ali ficava o futuro imperador do Brasil”, diz Laurentino Gomes.
Já a mulher de dom Pedro, Leopoldina de Bragança e Bourbon, envelheceu 30 anos somente os nove anos em que ficou no Brasil. Além de ter se enganado ao pensar que chegaria no paraíso (aqui sofreu com o calor e os mosquitos), ela cai em depressão ao saber que o marido tinha diversas amantes. “Em uma viagem para a Bahia, o imperador leva a amante [Marquesa de Santos] no mesmo barco e Leopoldina tem de suportar a situação. Depois a marquesa vira dama da imperatriz. Imagine Leopoldina tendo de aguentar a presença desta mulher até na hora de ir dormir”, comenta.
A partir da saída de dom Pedro I, o Brasil começa a sua independência com a regência provisória, de 1831 a 1840. Esse período é marcado por rebeliões sangrentas, como a Revolução Farroupilha, a Cabanagem e a Sabinada. Em 1840, dom Pedro II assume a coroa pelo golpe da maioridade (tinha 14 anos na época) e foi o primeiro imperador nascido no Brasil a comandar o país. “Ele é um homem muito diferente do pai. Não era intempestivo, aventureiro e boêmio. Pelo contrário, era estudioso e muito preocupado com a própria imagem”, explica. O resto da história deste jovem imperador fica em suspense, por enquanto, porque Laurentino pretende lançar, daqui a três anos, outro livro com o título 1889, que vai falar de dom Pedro II e da Proclamação da República no Brasil.
A Independência
O quadro de Pedro Américo, pintado por encomenda do governo imperial para retratar a Independência, é de fato uma construção mitológica. O Brasil estava às vésperas da Pro­clamação da República e a monarquia estava fragilizada, por isso dom Pedro I precisava aparecer limpo e imponente na pintura para ter uma boa imagem diante da opinião pública. Na verdade, a cena não aconteceu. No lugar do cavalo, ele estava montado em uma mula, que era o jeito correto de fazer uma viagem na época; vestia roupas simples parecidas com a dos tropeiros e estava com dor de barriga porque tinha ingerido alguma comida estragada em Santos. “Essa é a cena verdadeira, é mais brasileira e próxima do que de fato aconteceu. Não por isso, menos importante”, cita Lau­rentino.
A notícia ocorrida em território paulista foi espalhada lentamente pelo vasto território brasileiro – em Santa Catarina, por exemplo, demorou dois meses para chegar. Apesar de ter ocorrido em 7 de setembro, o dia da Indepen­dência é comemorado, na Bahia, na data em que houve a expulsão das tropas portuguesas do país, em 2 de julho de 1823.
Ideia imatura
O primeiro caso que influencia os rumos para a Independência é o retorno de dom João a Portugal. Ele vai embora e deixa o país falido, pois havia esvaziado os cofres do Banco do Brasil. Não havia mais exército nem navios. Existia, sim, uma grande chance de o Brasil se dividir em três ou quatro países independentes, como ocorreu na América Espanhola. Mas aconteceu justamente o contrário: com a Indepen­dência, mesmo que não planejada, o Brasil ficou unido. “Digo no livro que a Independência foi uma espécie de combinação da sorte, improvisação do acaso com alguma sabedoria”, diz Laurentino.
Há muita improvisação. Dom Pedro I vai a Minas Gerais em março de 1822 para apaziguar a província que ameaçava se separar do Brasil. Depois consegue o mesmo feito em São Paulo e Rio de Janeiro. “Digo que ele assegura a fidelidade [com a promessa de Independência] com o que eu chamo de coração do Brasil”, explica.
A sorte foi grande porque o Brasil tinha um destacamento militar português que poderia ter se rebelado, mas aceitou o grito de liberdade. Dom Pedro, porém, tinha apenas 23 anos, era inexperiente e ousado demais, por isso contou com a sabedoria da esposa, Leopoldina de Bragança e Bour­bon, e com o fiel José Bonifácio de An­­drada e Silva. O projeto de Boni­fácio consistia em deixar o poder centralizado na figura de um rei, após a Independência, já que o contrário poderia gerar uma guerra civil com resultados muito mais violentos. E mesmo assim houve combates, como a Confe­­deração do Equador, em 1824, para tornar Pernambuco independente. A insatisfação foi resultado também do fato de o imperador dissolver a Constituinte de 1822 e criar outra em 1824 a seu bel-prazer.
O Brasil nunca teve um projeto concreto de Independência, pois a maioria das forças brasileiras desejava continuar fazendo parte do Reino Unido (Brasil, Portugal e Algarves), porque, do ponto de vista econômico, era mais rentável ter abertura com o mercado europeu. Para Laurentino, esta união, mesmo que entre países independentes, existe simbolicamente até hoje por meio da cultura, da música e da novela. “Todos os anos atravessam o oceano 220 mil portugueses e brasileiros em viagem de turismo ou negócios. O Reino Unido, de certa forma, deu certo.”

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

LISTA COMPLETA DOS INDICADOS AO PRÊMIO JABUTI 2010

ROMANCE


"SE EU FECHAR OS OLHOS AGORA" (RECORD) - EDNEY SILVESTRE

"OUTRA VIDA" (OBJETIVA) - RODRIGO LACERDA

"LEITE DERRAMADO" (COMPANHIA DAS LETRAS) - CHICO BUARQUE

"OS ESPIÕES" (OBJETIVA) - LUIS FERNANDO VERISSIMO

" GOLPE DE AR" (EDITORA 34) - FABRÍCIO CORSALETTI

"SINUCA EMBAIXO D'ÁGUA" (COMPANHIA DAS LETRAS) - CAROL BENSIMON

"O ALBATROZ AZUL" (NOVA FRONTEIRA) - JOÃO UBALDO RIBEIRO

"O FILHO DA MÃE" (COMPANHIA DAS LETRAS) - BERNARDO CARVALHO

"A PASSAGEM TENSA DOS CORPOS" (COMPANHIA DAS LETRAS) - CARLOS DE BRITO E MELLO

"O BOI NO CAFÉ" (EDITORA IMEPH) - SÉRGIO VIOTTI



::CONTOS E CRÔNICAS

"HISTÓRIAS QUE OS JORNAIS NÃO CONTAM" (AGIR) - MOACYR SCLIAR

"EU PERGUNTEI PRO VELHO SE ELE QUERIA MORRER (E OUTRAS HISTÓRIAS DE AMOR)" (7LETRAS) - JOSÉ REZENDE JR.

"MEU AMOR" (EDITORA 34) - BEATRIZ BRACHER

"PAULICÉIA DILACERADA" (FUNPEC-EDITORA) - MÁRIO CHAMIE

"CRÔNICAS INÉDITAS 2" (COSAC NAIFY) - MANUEL BANDEIRA

"A MÁQUINA DE REVELAR DESTINOS NÃO CUMPRIDOS" (EDITORA DIMENSÃO) - VÁRIO DO ANDARAÍ

"A CIDADE ILHADA" (COMPANHIA DAS LETRAS) - MILTON HATOUM

"NÃO TENHO CULPA QUE A VIDA SEJA COMO ELA É" (AGIR) - NELSON RODRIGUES

"FORÇA ESTRANHA" (OBJETIVA) - NELSON MOTTA

"CRÔNICAS DA VIDA E DA MORTE" (ROCCO) - ROBERTO DAMATTA



::REPORTAGEM

"OLHO POR OLHO-OS LIVROS SECRETOS DA DITADURA" (RECORD) - LUCAS FIGUEIREDO

"CONVERSAS DE CAFETINAS" (ARQUIPÉLAGO EDITORIAL) - SÉRGIO MAGGIO

"O LEITOR APAIXONADO- PRAZERES À LUZ DO ABAJUR" (COMPANHIA DAS LETRAS) - RUY CASTRO

"A ROTATIVA PAROU!" (CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA) - BENÍCIO MEDEIROS

"ELEIÇÕES NA ESTRADA : JORNALISMO E REALIDADE NOS GROTÕES DO PAÍS" (PUBLIFOLHA) - EDUARDO SCOLESE E HUDSON CORRÊA

"VIAGEM AO CREPÚSCULO" (CASA DAS MUSAS) - SAMARONE LIMA DE OLIVEIRA

"O MUNDO NÃO É PLANO - A TRAGÉDIA SILENCIOSA DE 1 BILHÃO DE FAMINTOS" (EDITORA SARAIVA) - JAMIL CHADE

"IMPRENSA E O DEVER DA LIBERDADE" (EDITORA CONTEXTO) - EUGÊNIO BUCCI

"ELES FORAM PARA PETRÓPOLIS- UMA CORRESPONDÊNCIA VIRTUAL NA VIRADA DO SÉCULO" (COMPANHIA DAS LETRAS) - IVAN LESSA E MÁRIO SÉRGIO CONTI

"HONORÁVEIS BANDIDOS - UM RETRATO DO BRASIL NA ERA SARNEY" (GERAÇÃO EDITORIAL LTDA) - PALMÉRIO DÓRIA

"BINLADENISTÃO- UM REPÓRTER BRASILEIRO NA REGIÃO MAIS PERIGOSA DO MUNDO" (EDITORA ILUMINURAS LTDA) - LUIZ ANTÔNIO ARAUJO



::POESIA

"PASSAGEIRA EM TRÂNSITO" (RECORD) - MARINA COLASANTI

"SANGRADAS ESCRITURAS" (STAR PRINT) - REYNALDO JARDIM SILVEIRA

"SONETO ANTIGO" (THESAURUS EDITORA DE BRASÍLIA LTDA) - ANDERSON BRAGA HORTA

"LAR" (COMPANHIA DAS LETRAS) - ARMANDO FREITAS FILHO

" POESIA REUNIDA - EUCLIDES DA CUNHA" (FUNDAÇÃO EDITORA DA UNESP) - LEOPOLDO M. BERNUCCI E FRANCISCO FOOT HARDMAN (ORGS.)

"O SEXO VEGETAL" (EDITORA ILUMINURAS LTDA.) - SERGIO MEDEIROS

"A COR DA PALAVRA" (IMAGO EDITORA) - SALGADO MARANHÃO

"SAGRAÇÃO DO ALFABETO" (SCORTECCI EDITORA) - LEONOR SCLIAR-CABRAL

"SOB O CÉU DE SAMARCANDA" (EDITORA BERTRAND BRASIL LTDA) - RUY ESPINHEIRA FILHO

"PALAVRAS CÚMPLICES - VERSOS & REVERSO" (FUNDAÇÃO WALDEMAR ALCÂNTARA) - BEATRIZ ALCÂNTARA



::INFANTIL

"CARVOEIRINHOS" (COMPANHIA DAS LETRAS) - ROGER MELLO

"OS HERDEIROS DO LOBO" (COMBOIO DE CORDA/GRUPO SM) - NELSON CRUZ

"O LOBO" (MANATI PRODUÇÕES EDITORIAIS LTDA) - GRAZIELA BOZANO HETZEL

"BICHOS" (ALETRIA - NÚMERO DE REGISTRO NA CBL: 52563) - RONALDO SIMÕES COELHO

"A VISITA DOS 10 MONSTRINHOS" (COMPANHIA DAS LETRAS) - ANGELA-LAGO

" O DIA EM QUE TODOS DISSERAM NÃO" (GLOBAL EDITORA) - NELSON CRUZ

"OS ESCORPIÕES CONTRA O CÍRCULO DE FOGO" (GLOBAL EDITORA) - IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO

"TEMPO DE VOO COMBOIO DE CORDA" (GRUPO SM) - BARTOLOMEU CAMPOS DE QUEIRÓS

"BICHO DE SETE CABEÇAS E OUTROS SERES FANTÁSTICOS" (COMPANHIA DAS LETRAS) - EUCANAÃ FERRAZ

"A NOSSA CASA É ONDE A GENTE ESTÁ / SAIBA TODO MUNDO FOI NENÉM" (DBA DÓREA BOOKS AND ART ARTES GRÁFICAS LTDA) - ARNALDO ANTUNES, DULCE HORTA, ALICE RUIZ, CELESTE MOREAU ANTUNES, EDITH DERDYK, JOÃO BANDEIRA, PAULO TATIT E SUELY GALDINO

"O NOME DO FILME É AMAZÔNIA" (EDITORA DIMENSÃO) - PAULINHO ASSUNÇÃO





::JUVENIL

"MARGINAL À ESQUERDA" (RHJ) - ANGELA-LAGO

"DO CORAÇÃO DE TELMAH" (ARTES E OFÍCIOS) - LUÍS DILL

"BABEL HOTEL" (EDITORA SCIPIONE SA) - LUIZ BRAS

"AVÓ DEZANOVE E O SEGREDO DO SOVIÉTICO" (COMPANHIA DAS LETRAS) - ONDJAKI

"SOU EU!" (EDITORA SCIPIONE SA) - JOÃO GILBERTO NOLL

"O DIA EM QUE LUCA NÃO VOLTOU" (COMPANHIA DAS LETRAS) - LUÍS DILL

"AV. PAULISTA" (EDIÇÕES SESC SP E EDITORA COSACNAIFY) - CARLA CAFFÉ

"MINHAS ASSOMBRAÇÕES" (EDELBRA) - ANGELA-LAGO

"BILI COM LIMÃO VERDE NA MÃO" (COSAC NAIFY) - DÉCIO PIGNATARI

"PIVETIM" (EDIÇÕES SM) - DÉLCIO TEOBALDO

"COM CERTEZA TENHO AMOR" (GLOBAL EDITORA) - MARINA COLASANTI

"DO JEITO QUE A GENTE É" (EDITORA ATICA SA) - MÁRCIA LEITE

"SOFIA E OUTROS CONTOS" (SARAIVA S/A LIVREIROS EDITORES) - LUIZ VILELA





::ARQUITETURA E URBANISMO, FOTOGRAFIA, COMUNICAÇÃO E ARTES

"BRASILIANA ITAÚ - UMA GRANDE COLEÇÃO DEDICADA AO BRASIL" (CAPIVARA EDITORA) - PEDRO CORRÊA DO LAGO

"ATHOS BULCÃO" (FUNDAÇÃO ATHOS BULCÃO) - PAULO HUMBERTO LUDOVICO DE ALMEIDA

"OLHAR E FINGIR: FOTOGRAFIAS DA COLEÇÃO M+M AUER" (MUSEU DE ARTE MODERNA DE SÃO PAULO) - MUSEU DE ARTE MODERNA DE SÃO PAULO

"POUSSIN: RESTAURAÇÃO: HYMENEUS TRAVESTIDO ASSISTINDO A UMA DANÇA EM HONRA A PRÍAPO" (IMPRENSA OFICIAL DO ESTADO S/A) - MARINILDA BERTOLETE BOULAY - DIREÇÃO EDITORIAL

"ÉTICA, JORNALISMO E NOVA MÍDIA: UMA MORAL PROVISÓRIA" (JORGE ZAHAR EDITOR LTDA) - CAIO TÚLIO COSTA

"CIDADE ERRANTE. ARQUITETURA EM MOVIMENTO" (EDITORA SENAC SÃO PAULO) - MARTA BOGÉA

"MARIA MARTINS - ESCULTORA DOS TRÓPICOS" (ARTVIVA EDITORA) - GRAÇA RAMOS

"SERTÃO SEM FIM" (TERRABRASIL) - ARAQUÉM ALCÂNTARA PEREIRA

"COLEÇÃO PRIMEIRAS OBRAS" (IMPRENSA OFICIAL DO ESTADO S/A) - IVAN CABRAL

"IMPRESIONES DE CARYBÉ EN SUAS VISITAS A BENIN 1969 Y 1987 = IMPRESSÕES DE CARYBÉ EM SUAS VISITAS A BENIN 1969 E 1987 EDIÇÃO BILÍNGUE ESPANHOL/PORTUGUÊS" (IMPRENSA OFICIAL DO ESTADO S/A) - CECÍLIA SCHARLACH

"LAGOA RODRIGO DE FREITAS" (ANDREA JAKOBSSON ESTÚDIO EDITORIAL LTDA.) - AUGUSTO IVAN DE FREITAS PINHEIRO E ELIANE CANEDO



::TEORIA/CRÍTICA LITERÁRIA

"A CLAVE DO POÉTICO" (COMPANHIA DAS LETRAS) - BENEDITO NUNES

"A VINGANÇA DE HILEIA: EUCLIDES DA CUNHA, A AMAZÔNIA E A LITERATURA MODERNA" (FUNDAÇÃO EDITORA DA UNESP) - FRANCISCO FOOT HARDMAN

"O CONTROLE DO IMAGINÁRIO & A AFIRMAÇÃO DO ROMANCE" (COMPANHIA DAS LETRAS) - LUIZ COSTA LIMA

"JUÓ BANANÉRE: IRRISOR, IRRISÓRIO" (EDITORA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, NANKIN EDITORIAL) - CARLOS EDUARDO S. CAPELA

"CINZAS DO ESPÓLIO" (RECORD) - IVAN JUNQUEIRA

"ISMAEL NERY E MURILO MENDES: REFLEXOS" (UFJF/MAMM) - LEILA MARIA FONSECA BARBOSA E MARISA TIMPONI PEREIRA RODRIGUES

"PARA LER FINNEGANS WAKE" (EDITORA ILUMINURAS LTDA.) - DIRCE WALTRICK DO AMARANTE

"O QUADRADO AMARELO" (IMPRENSA OFICIAL DO ESTADO S/A) - ALBERTO DA COSTA E SILVA

"PARA A HISTÓRIA DO PORTUGUÊS BRASILEIRO (TOMOS I E II)" (EDUEL) - VANDERCI AGUILERA (ORGANIZADORA)

"AS ARMADILHAS DO SABER: RELAÇÕES ENTRE LITERATURA E PSICANÁLISE" (EDITORA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO) - CLEUSA RIOS PINHEIRO PASSOS





::PROJETO GRÁFICO

"IGREJA E CONVENTO DE SÃO FRANCISCO DA BAHIA" (VERSAL EDITORES LTDA. E ODEBRECHT) - CARINA FLEXOR

"CIÊNCIA, HISTÓRIA E ARTE: OBRAS RARAS E ESPECIAIS DO INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO" (EDITORA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO) - REX DESIGN

"ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS - EDIÇÃO COLECIONADOR" (COSAC NAIFY) - PAULO ANDRÉ CHAGAS E LUCIANA FACCHINI

"RICO LINS: UMA GRÁFICA DE FRONTEIRA" (SOLISLUNA DESIGN EDITORA) - RICO LINS (RICARDO BRANDÃO ESPELITA LINS)

"O TEATRO DE ORNITORRINCO - ED. ESPECIAL" (IMPRENSA OFICIAL DO ESTADO S/A) - CHRISTIANE TRICERRI E VICTOR NOSEK

" MULHERES DO BRASIL - WOMEN OF BRAZIL" (MAGMA CULTURAL) GABRIEL MATARAZZO

" FOTOGRAFIAS: MAUREEN BISILLIAT" (INSTITUTO MOREIRA SALLES) - RUTH VLOTZEL (ESTÚDIO INFINITO)

"100 ANOS: ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS" (IMPRENSA OFICIAL DO ESTADO S/A) - CEZAR DE ALMEIDA

"HISTÓRIA DO DESIGN GRÁFICO" (COSAC NAIFY) - ELAIN RAMOS E MARIA CAROLINA SAMPAIO

"A PAISAGEM E O OLHAR, POR SYLVIA AMÉLIA DE ORLEANS E BRAGANÇA" (LUSTE EDITORES) - ADRIANA FERNANDES E ELI SUMIDA

"AS ARTES DE CARYBÉ = LAS ARTES DE CARYBÉ" (IMPRENSA OFICIAL DO ESTADO S/A) - VIA IMPRESSA EDIÇÕES DE ARTE - CARLOS MAGNO BONFIM



::ILUSTRAÇÃO DE LIVRO INFANTIL OU JUVENIL

"ABECEDÁRIO DE AVES BRASILEIRAS" (WMF MARTINS FONTES) - GERALDO VALÉRIO

"NO REINO DOS PREÁS, O REI CARCARÁ" (ELEMENTAR PUBLICAÇÕES E EDITORA LTDA) - MATEUS RIOS

"O LOBO" (MANATI PRODUÇÕES EDITORIAIS LTDA) - NAIR ELISABETH DA SILVA TEIXEIRA

"MARGINAL À ESQUERDA" (RHJ) - ANGELA-LAGO

"A ÁRVORE DO BRASIL" (EDITORA PEIRÓPOLIS LTDA) - NELSON CRUZ

"JÁ JÁ: A HISTÓRIA DE UMA ÁRVORE APRESSADA" (EDITORA ATICA SA) - PAULO REA

"O TAMANHO DA GENTE" (EDITORA AUTÊNTICA) - MANOEL VEIGA

"O PASSARINHO QUE NÃO QUERIA SER CANTOR" (EDITORA SALAMANDRA) - LTDA LUIZ MAIA

"AGORA EU ERA" (COMPANHIA DAS LETRAS) - LAERTE

"A GRANDE INVASAO" (PANDA BOOKS) - BERNARDO CARVALHO

"A INTERESSANTE ILHA DUKONTRA" (COMPANHIA DAS LETRAS) - MARCELO CIPIS

"ARAPUCA" (EDITORA POSITIVO) - LTDA DANIEL CABRAL



::CIÊNCIAS EXATAS, TECNOLOGIA E INFORMÁTICA

"OBRA CIENTÍFICA DE MARIO SCHÖNBERG: VOLUME 1 - 1936 A 1948" (EDITORA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO) - MARIO SCHÖNBERG; AMÉLIA IMPÉRIO HAMBURGER (ORG.)

"LINGUAGENS FORMAIS: TEORIA, MODELAGEM E IMPLEMENTAÇÃO" (BOOKMAN EDITORA) - MARCUS VINÍCIUS MEDENA RAMOS, JOÃO JOSÉ NETO E ÍTALO SANTIAGO VEGA

"MATEMÁTICA E NATUREZA" (EDITORA LIVRARIA DA FÍSICA) - MICHEL JANOS

"MÁQUINAS ELÉTRICAS E ACIONAMENTO" (ELSEVIER EDITORA LTDA E CAMPUS) - EDSON BIM

"SUPERSIMETRIA APLICADA À MECÂNICA QUÂNTICA: ESTUDO DA EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER" (FUNDAÇÃO EDITORA DA UNESP) - ELSO DRIGO FILHO

"TEORIA DA MEDIDA" (EDITORA DA UNICAMP) - MAURO S. DE F. MARQUES

"ÁGUA - MÉTODOS E TECNOLOGIA DE TRATAMENTO" (EDITORA EDGARD BLÜCHER LTDA E HENFIBRA TECNOLOGIA EM SANEAMENTO) - CARLOS A. RICHTER

"O CAMINHO PARA A FÍSICA QUÂNTICA" (EDITORA LIVRARIA DA FÍSICA) - NELSON B. MAIA

"QUÍMICA VERDE: FUNDAMENTOS E APLICAÇÕES (EDUFSCAR) - VÂNIA GOMES ZUIN / ARLENE G. CORRÊA (ORG.)

"TÓPICOS EM TEORIA QUÂNTICA DOS CAMPOS" (EDITORA LIVRARIA DA FÍSICA) - NAMI FUX SVAITER, GABRIEL MENEZES E MARTIN APARICIO ALCALDE





::EDUCAÇÃO, PSICOLOGIA E PSICANÁLISE

"CADERNOS SOBRE O MAL" (CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA) - JOEL BIRMAN

"O TEMPO E O CÃO" (BOITEMPO EDITORIAL) - MARIA RITA KELH

"CULTURA E PSICOLOGIA-QUESTÕES SOBRE O DESENVOLVIMENTO DO ADULTO" (EDITORA HUCITEC) - MARTA KOHL DE OLIVEIRA

"DICIONÁRIO DO PENSAMENTO DE SÁNDOR FERENCZI ELSEVIER" (EDITORA LTDA E FAPESP) - HAYDÉE CHRISTINNE KAHTUNI / GISELA PARANÁ SANCHES

" DIREITO À EDUCAÇÃO: ASPECTOS CONSTITUCIONAIS" (EDITORA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO) - NINA BEATRIZ STOCCO RANIERI; SABINE RIGHETTI

"INDISCIPLINA E DISCIPLINA ESCOLAR FUNDAMENTOS PARA O TRABALHO DOCENTE" (CORTEZ EDITORA) - CELSO DOS SANTOS VASCONCELLOS

"REFORMA PSIQUIÁTRICA: AS EXPERIÊNCIAS FRANCESA E ITALIANA" (EDITORA FIOCRUZ) - ISABEL C. FRICHE PASSOS

"BRASIL ARCAICO, ESCOLA NOVA: CIÊNCIA, TÉCNICA & UTOPIA NOS ANOS 1920-1930" (FUNDAÇÃO EDITORA DA UNESP) - CARLOS MONARCHA

"CONFLITOS NA ESCOLA: MODOS DE TRANSFORMAR: DICAS PARA REFLETIR E EXEMPLOS DE COMO LIDAR" (IMPRENSA OFICIAL DO ESTADO) - S/A CLAUDIA CECCON, CLAUDIUS CECCON, MAZDA EDNIR, BOUDEWIJN VAN VELZEN E DOLF HAUTVAST

"A PSICANÁLISE NAS TRAMAS DA CIDADE" (CASA DO PSICÓLOGO) - BERNARDO TANIS E MAGDA GUIMARÃES KHOURI





::DIDÁTICO E PARADIDÁTICO

"UMA HISTÓRIA DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA" (EDITORA MODERNA LTDA) - WALTER FRAGA E WLAMYRA R. DE ALBUQUERQUE

"ALMANAQUE DOS SENTIDOS" (EDITORA MODERNA LTDA) - CARLA CARUSO

"COLEÇÃO GIRA MUNDO" (EDITORA IBPEX) - EDITORA IBPEX

"ANTES E DEPOIS DE CHARLES DARWIN- COMO A CIÊNCIA EXPLICA A ORIGEM DAS ESPÉCIES" (EDITORA HARBRA LTDA) - NELSON HENRIQUE CARVALHO DE CASTRO

"NO INÍCIO DOS TEMPOS" (EDITORA TERCEIRO NOME) - SUELI VIEGAS

"A ESCOLA E A LETRA" (BOITEMPO EDITORIAL) - FLÁVIO AGUIAR E OG DÓRIA (ORGANIZADORES)

" O BRASIL PÕE A MESA" (EDITORA MODERNA LTDA) - VERA VILHENA E CÂNDIDA VILARES

"VONTADE DE SABER MATEMÁTICA (6º AO 9º ANO)" (EDITORA FTD S/A) - PATRICIA ROSANA MORENO PATARO E JOAMIR ROBERTO DE SOUZA

"BIOLOGIA: CIÊNCIA E TECNOLOGIA" (EDITORA SCIPIONE SA) - SÍDIO MACHADO

"SORRISO DA LINGUAGEM: BRINCADEIRAS E JOGOS PARA O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA" (EDIÇÕES LOYOLA) - PAULO NUNES DE ALMEIDA





::ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS

"TRABALHO FLEXÍVEL, EMPREGOS PRECÁRIOS?: UMA COMPARAÇÃO BRASIL, FRANÇA, JAPÃO" (EDITORA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO) - NADYA ARAUJO GUIMARÃES; HELENA HIRATA; KURUMI SUGITA

"SHAKESPEARE E A ECONOMIA" (JORGE ZAHAR EDITOR LTDA) - GUSTAVO HENRIQUE BARROSO FRANCO E HENRY W. FARNAM

"O REVERSO DA LOGÍSTICA E AS QUESTÕES AMBIENTAIS NO BRASIL" (EDITORA IBPEX) - EDELVINO RAZZOLINI FILHO E RODRIGO BERTÉ

"ANÁLISE DE DADOS- MODELAGEM MULTIVARIADA PARA TOMADA DE DECISÕES" (ELSEVIER EDITORA LTDA E CAMPUS) - LUIZ PAULO FÁVERO/ PATRÍCIA BELFIORE/ FABIANA LOPES DA SILVA / BETTY LILIAN CHAN

"OS ANOS DE CHUMBO: ECONOMIA E POLÍTICA INTERNACIONAL NO ENTREGUERRAS" (FUNDAÇÃO EDITORA DA UNESP E EDIÇÕES UNICAMP) - FREDERICO MAZZUCCHELLI

"O TERCEIRO XADREZ: COMO AS EMPRESAS MULTINACIONAIS NEGOCIAM NAS RELAÇÕES ECONÔMICAS INTERNACIONAIS" (EDITORA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO) - GILBERTO SARFATI

"BIOCOMBUSTÍVEIS. ENERGIA DA CONTROVÉRSIA" (EDITORA SENAC SÃO PAULO) - RICARDO ABRAMOVAY

"SUSTENTABILIDADE E MUDANÇAS CLIMÁTICAS. GUIA PARA O AMANHÃ" (EDITORA SENAC SÃO PAULO E TERRA DAS ARTES) - MARCO ANTONIO FUJIHARA, FERNANDO GIACHINI LOPES ( ORGANIZADORES)

"CAPITALISMO TARDIO E SOCIABILIDADE MODERNA" (FUNDAÇÃO EDITORA DA UNESP E EDIÇÕES FACAMP) - JOÃO MANUEL CARDOSO DE MELLO E FERNANDO NOVAIS

"INTERFACES" (EDITORA SARAIVA) - JOSÉ ALBERTO ARANHA





::DIREITO

"PROCESSO CIVIL MODERNO V. 1 - PARTE GERAL E PROCESSO DE CONHECIMENTO" (EDITORA REVISTA DOS TRIBUNAIS) - JOSÉ MIGUEL GARCIA MEDINA, TERESA ARRUDA ALVIM WAMBIER

"DIREITO DAS COMPANHIAS - VOL 1 E 2" (EDITORA FORENSE LTDA E GEN) - ALFREDO LAMY FILHO E JOSÉ LUIZ BULHÕES PEDREIRA E COL.

"CURSO DE DIREITO TRIBUTÁRIO: CONSTITUIÇÃO E CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL" (EDITORA SARAIVA) - REGINA HELENA COSTA

" A RESOLUÇÃO DE CONFLITOS E A FUNÇÃO JUDICIAL NO CONTEMPORÂNEO ESTADO DE DIREITO" (EDITORA REVISTA DOS TRIBUNAIS) - RODOLFO DE CAMARGO MANCUSO

"CONTRATOS EMPRESARIAIS: CONTRATOS DE CONSUMO E ATIVIDADE ECONÔMICA" (EDITORA SARAIVA, FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS) - TERESA ANCONA LOPEZ, RUY ROSADO DE AGUIAR JÚNIOR (COORD.)

"A CONSTITUIÇÃO NA VIDA DOS POVOS - DA IDADE MÉDIA AO SÉCULO 21" (EDITORA SARAIVA) - DALMO DE ABREU DALLARI

"CONTRATOS - DIREITO CIVIL E EMPRESARIAL" (EDITORA REVISTA DOS TRIBUNAIS) - VERA HELENA DE MELLO FRANCO

"COMPÊNDIO DE PROCESSO PENAL - CURSO COMPLETO" (EDITORA MANOLE HERÁCLITO) - ANTÔNIO MOSSIN

"PROVA" (EDITORA REVISTA DOS TRIBUNAIS) - LUIZ GUILHERME MARINONI, SERGIO CRUZ ARENHART

"RESPONSABILIDADE CIVIL" (EDITORA REVISTA DOS TRIBUNAIS) - ROSA MARIA DE ANDRADE NERY E ROGÉRIO DONNINI

"COMENTÁRIOS A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988" (EDITORA FORENSE LTDA E GEN) - JORGE MIRANDA,WALBER DE MOURA AGRA E PAULO BONAVIDES





::BIOGRAFIA

"EUCLIDES DA CUNHA: UMA ODISSEIA NOS TRÓPICOS" (ATELIÊ EDITORIAL) - FREDERIC AMORY

"NEM VEM QUE NÃO TEM - A VIDA E O VENENO DE WILSON SIMONAL" (EDITORA GLOBO S.A.) - RICARDO ALEXANDRE

"CARLOS CHAGAS: UM CIENTISTA DO BRASIL" (EDITORA FIOCRUZ) - SIMONE PETRAGLIA KROPF E ALINE LOPES DE LACERDA

"BENDITO MALDITO - UMA BIOGRAFIA DE PLÍNIO MARCOS" (LEYA) - OSWALDO MENDES

" PADRE CÍCERO- PODER, FÉ E GUERRA NO SERTÃO" (COMPANHIA DAS LETRAS) - LIRA NETO

"CABEZA DE VACA" (COMPANHIA DAS LETRAS) - PAULO MARKUN

"A LETRA BRASILEIRA DE PAULO CÉSAR PINHEIRO - UMA JORNADA MUSICAL" (CASA DA PALAVRA PRODUÇÃO EDITORIAL) - CONCEIÇÃO CAMPOS

"CHIQUINHA GONZAGA: UMA HISTÓRIA DE VIDA" (JORGE ZAHAR EDITOR LTDA E INSTITUTO MOREIRA SALLES) - EDINHA DINIZ

"ORQUESTRA TABAJARA DE SEVERINO ARAUJO" (COMPANHIA EDITORA NACIONAL) - CARLOS HENRIQUE CORAUCCI

"TÔNIA CARRERO: MOVIDA PELA PAIXÃO (COLEÇÃO APLAUSO ESPECIAL)" (IMPRENSA OFICIAL DO ESTADO S/A) - TÂNIA CARVALHO





::CAPA

"O RESTO É RUÍDO- ESCUTANDO O SÉCULO 20" (COMPANHIA DAS LETRAS) - RETINA _ 78

"ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS - EDIÇÃO COLECIONADOR" (COSAC NAIFY) - LUCIANA FACCHINI E PAULO ANDRÉ CHAGAS

"SALAS E ABISMOS" (COSAC NAIFY) - ZOT DESIGN
RARA DIAS, ANA CAROLINA CARNEIRO, PAULA DELECAVE

"DENDÊ. SÍMBOLO E SABOR DA BAHIA" (EDITORA SENAC SÃO PAULO) - ANTONIO CARLOS DE ANGELIS/ FOTO MARISA VIANNA

"OS ESPIÕES" (OBJETIVA) - AMANDA FRIEDMAN

"O DESAFIO BIOGRÁFICO: ESCREVER UMA VIDA" (EDITORA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO) - CAROLINA SUCHEUSKI

"FALSAS MEMÓRIAS: FUNDAMENTOS CIENTÍFICOS E SUAS APLICAÇÕES CLÍNICAS E JURÍDICAS" (ARTMED EDITORA) - PAOLA MANICA

"J. GUINSBURG, A CENA EM AULA: ITINERÁRIOS DE UM PROFESSOR EM DEVIR" (EDITORA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO) - GUSTAVO SOARES

"OS 13 PORQUÊS" (EDITORA ÁTICA SA) - CHRISTIANO DO NASCIMENTO MENEZES

"VILLA - LOBOS ERROU?" (ALGOL EDITORA) - CAROLINA AIRES SUCHEUSKI





::CIÊNCIAS HUMANAS

"VIVER EM RISCO" (EDITORA 34) - LUCIO KOWARICK

"A LUTA PELA ANISTIA" (IMPRENSA OFICIAL DO ESTADO S/A) - HAIKE R KLEBER DA SILVA - ORGANIZADORA

"CULTURA COM ASPAS" (COSAC NAIFY) - MANUELA CARNEIRO DA CUNHA

"PAISAGENS PÓS-URBANAS - O FIM DA EXPERIÊNCIA URBANA E AS FORMAS COMUNICATIVAS DO HABITAR" (ANNABLUME) - MASSIMO DI FELICE

"LIVRO DE HORAS (MS. FERNANDO I : PORTUGAL)" (IMPRENSA OFICIAL DO ESTADO S/A) - CECÍLIA SCHARLACH - COORDENAÇÃO EDITORIAL

"VIDA VÍCIO VIRTUDE" (EDITORA SENAC SÃO PAULO / COEDIÇÃO: EDIÇÕES SESC SP) - ADAUTO NOVAES (ORGANIZADOR)

"COLEÇÃO FRANCESES NO BRASIL - SEC 16 E 17" (FUNDAÇÃO DARCY RIBEIRO) - VILLEGAGNON, ANDRÉ THEVET, JEAN DE LEVY E YVES D'EVREUX

"UM ENIGMA CHAMADO BRASIL" (COMPANHIA DAS LETRAS) - ANDRÉ BOTELHO, LILIA MORITZ SCHWARCZ

"REPENSANDO O BRASIL DO OITOCENTOS" (CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA) - JOSÉ MURILO DE CARVALHO E LÚCIA BASTOS (ORGS.)

"DELEUZE, A ARTE E A FILOSOFIA" (JORGE ZAHAR EDITOR LTDA) - ROBERTO MACHADO

"CAPITAIS MIGRANTES E PODERES PEREGRINOS: O CASO DO RIO DE JANEIRO" (PAPIRUS EDITORA) - BARBARA FREITAG





::CIÊNCIAS NATURAIS E CIÊNCIAS DA SAÚDE

"CLÍNICA MÉDICA" (EDITORA MANOLE, MEDICINA - USO, HC-FMUSP) - MILTON DE ARRUDA MARTINS, FLAIR JOSÉ CARRILHO, VENÂNCIO AVANCINI FERREIRA ALVES, EUCLIDES AYRES DE CASTILHO, GIOVANNI GUIDO CERRI E CHAO LUNG WEN

"TRANSPLANTE DE CÉLULAS-TRONCO HEMATOPOÉTICAS" (EDITORA ATHENEU) - JULIO C. VOLTARELLI, RICARDO PASQUINI E EUZA T. T. ORTEGA

"TRATADO DE HEPATOLOGIA" (EDITORA RUBIO) - ANGELO ALVES DE MATTOS / ESTHER BUZAGLO DANTAS-CORRÊA

"MANUAL DE DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO PARA O RESIDENTE DE CIRURGIA" (EDITORA ATHENEU) - MANLIO BASILIO SPERANZINI, CLAUDIO ROBERTO DEUTSCH, OSMAR KENJI YAGI

"TRATADO DE CIRURGIA DO CBC" (EDITORA ATHENEU) - ROBERTO SAAD JUNIOR, RONALDO REIS VIANA SALLES, WALTER RORIZ DE CARVALHO, ACCYOLI MOREIRA MAIA

"MEDICINA LABORATORIAL PARA O CLÍNICO" (COOPMED) - ELZA SANTIAGO ERICHSEN, LUCIANA DE GOUVÊA VIANA, ROSA MALENA DELBONE DE FARIA E SILVANA MARIA ELOI SANTOS.

"TRATADO DE TÉCNICA OPERATÓRIA EM NEUROCIRURGIA" (EDITORA ATHENEU) - PAULO HENRIQUE PIRES DE AGUIAR, APIO CLAUDIO MARTINS ANTUNES, HÉLIO RUBENS MACHADO, MANOEL JACOBSEN TEIXEIRA E JOSÉ CARLOS ESTEVES VEIGA, RICARDO RAMINA

"TÉCNICAS EM ENDOSCOPIA DIGESTIVA" (EDITORA RUBIO) - ANGELO FERRARI JR.

"COLONOSCOPIA" (LIVRARIA SANTOS EDITORA COMÉRCIO E IMPORTAÇÃO LTDA) - MARCELO AVERBACH, PAULO CORRÊA

"INTERVENÇÕES CARDIOVASCULARES - SOLACI" (EDITORA ATHENEU) - AMANDA G.M.R. SOUSA, ALEXANDRE ABIZAID, MARCO MARTÍNEZ RÍOS, DANIEL BERROCAL, J. EDUARDO SOUSA





::TRADUÇÃO DE OBRA LITERÁRIA ESPANHOL-PORTUGUÊS

"PURGATÓRIO" (COMPANHIA DAS LETRAS) - BERNARDO AJZENBERG

"O LIVRO DE AREIA" (COMPANHIA DAS LETRAS) - DAVI ARRIGUCCI JR

"SUICÍDIOS EXEMPLARES" (COSAC NAIFY) - CARLA BRANCO

"O REINO DESTE MUNDO" (MARTINS EDITORA LIVRARIA LTDA) - MARCELO TÁPIA

"CEM ANOS DE SOLIDÃO" (EDITORA RECORD) - ERIC NEPOMUCENO

"DÁ PRA ACREDITAR?" (EDIÇÕES SM) - MARCOS BAGNO

"TRÊS TRISTES TIGRES" (EDITORA JOSÉ OLYMPIO) - LUÍS CARLOS CABRAL

"PELE E OSSO" (EDITORA ILUMINURAS LTDA) - WILSON ALVES-BEZERRA

"FLORES" (COSAC NAIFY) - JOSELY VIANNA BAPTISTA

"VIDA CONJUGAL" (COMPANHIA DAS LETRAS) - BERNARDO AJZENBERG





::TRADUÇÃO

"CANÇÃO DO VENERÁVEL" (EDITORA GLOBO S.A.) - CARLOS ALBERTO FONSECA

"TRABALHAR CANSA" (COSAC NAIFY) - MAURÍCIO SANTANA DIAS

"O LEÃO E O CHACAL MERGULHADOR" (EDITORA GLOBO S.A.) - MAMEDE MUSTAFA JAROUCHE

"HINO HOMÉRICO II A DEMÉTER" (ODYSSEUS EDITORA LTDA) - ORDEP SERRA

"FILOCTETES" (EDITORA 34) - TRAJANO VIEIRA

"AGAMÊMNON" (EDITORA GLOBO S.A.) - JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS LOHNER

"CANTOS ÓRFICOS E OUTROS POEMAS" (MARTINS EDITORA LIVRARIA LTDA) - AURORA FORNONI BERNADINI

"POESIA. GUILHERME IX DE AQUITÂNIA" (EDITORA UNICAMP) - ARNALDO SARAIVA

"FELICIDADE CONJUGAL" (EDITORA 34) - BORIS SCHNAIDERMAN

"A AUTOBIOGRAFIA DE ALICE B. TOKLAS" (COSAC NAIFY) - JOSÉ RUBENS SIQUEIRA

FURG PROMOVE EVENTO NACIONAL SOBRE HISTÓRIA DA LITERATURA

A FURG, de Rio Grande, RS, através de seu Mestrado em Letras, promove o IV Seminário Nacional de História da Literatura, entre os dias 13 e 15 de outubro.
Inscrições para comunicadores até 30 de setembro.
Mais informações no site do evento.


  Abaixo a programação geral:
13 DE OUTUBRO DE 2010 – QUARTA-FEIRA

TARDE
13h - Credenciamento
14h – Abertura oficial
14h30min – Conferência de abertura: “Estudos literários: princípio(s) e fim(ns) II”
Prof. Dr. Roberto Acízelo de Souza (UERJ)
Mediador: Prof. Dr. Carlos Alexandre Baumgarten (FURG)
Local: CIDEC-SUL - Campus Carreiros
16h – Intervalo
16h30min – Sessões de comunicação
Local: Pavilhão 1 - Campus Carreiros

NOITE
19h – Coquetel de lançamento de livros, revistas e anais – Promoção do PPGLetras/FURG e do Núcleo de Estudos Canadenses (NEC/FURG):
Cadernos do Programa de Pós-Graduação em Letras da FURG – Série Traduções, Vol. 6. No reino da lenda , de Bertrand Bergeron. Tradução de Sylvie Dion e Danieli de Quadros;
Cadernos do Programa de Pós-Graduação em Letras da FURG – Série Traduções, Vol.7. As identidades migrantes (primeiro capítulo, p. 13-36), de Pierre Ouellet. Tradução de Luciano Moraes;
Revista Interfaces Brasil/Canadá, n. 11. Organização de Nubia Hanciau;
Pequena antologia da poesia quebequense. Organização de Nubia Hanciau, Sylvie Dion e Ignacio Neis.
CD-ROM com os Anais do III Encontro Nacional de Pesquisadores em Periódicos Literários Brasileiros (ENAPEL). Organização de Mauro Nicola Póvoas e Artur Emilio Alarcon Vaz;
Livro Insubmissão e mobilidades culturais: percursos americanos. Porto Alegre: Literalis, 2010 (apoios PPGLetras/UFRGS, PPGLetras/FURG, UNILASALLE e CNPq), seguido de mesa-redonda com participantes do livro
20h – Mesa-redonda: Literatura e mobilidades culturais
Profa. Dra. Zilá Bernd (UFRGS)
Profa. Dra. Raquel Rolando Souza (FURG)
rofa. Dra. Nubia Jacques Hanciau (FURG)
Profa. Dra. Aimée Bolaños González (FURG)
Local: CIDEC-SUL - Campus Carreiros

14 DE OUTUBRO DE 2010 – QUINTA-FEIRA
TARDE
14h – Mesa-redonda: Literaturas luso-africanas contemporâneas
Prof. Dr. José Luís Giovanoni Fornos (FURG)
Profa. Dra. Inara de Oliveira Rodrigues (UESC – Universidade Estadual de Santa Cruz/BA)
Prof. Dr. Emerson da Cruz Inácio (USP)
Mediador: Prof. Dr. Artur Emilio Alarcon Vaz (FURG)
Local: CIDEC-SUL - Campus Carreiros
16h – Intervalo
16h30min – Sessões de comunicação
Local: Pavilhão 1 - Campus Carreiros

NOITE
19h – Lançamento dos audiolivros Fronteira sul em contos, com a Profa. Cátia Goulart (UNIPAMPA) e Acad. Marcelo Duarte (UNIPAMPA), e a participação especial de Marco Antonio Xiru Antunes e Silvério Barcellos (coordenador musical do projeto, músico e discente do curso de Música/UFPel)
20h – Conferência: “Erico Verissimo na história da literatura brasileira: um lugar controvertido”
Profa. Dra. Maria da Glória Bordini (UFRGS)
Mediador: Prof. Dr. Mauro Nicola Póvoas (FURG)
Local: CIDEC-SUL - Campus Carreiros

15 DE OUTUBRO DE 2010 – SEXTA-FEIRA
TARDE
14h – Mesa-redonda: “Literaturas orais/literaturas da voz: história e histórias”
Profa. Dra. Vera Medeiros (UNIPAMPA)
Profa. Dra. Sylvie Dion (FURG)
Profa. Dra. Ana Lúcia Tettamanzy (UFRGS)
Mediadora: Profa. Dra. Rubelise da Cunha (FURG)
local: CIDEC-SUL - Campus Carreiros
16h – Intervalo
16h30min – Sessões de comunicação
Local: Pavilhão 1 - Campus Carreiros

NOITE
19h – Apresentação musical: Latino-América Duo (Alexandre Simon e José Daniel)
20h – Conferência de encerramento: “História da literatura e história do teatro: questões metodológicas”
Prof. Dr. João Roberto Faria (USP)
Mediadora: Profa. Dra. Marina de Oliveira (UFPel)
Local: CIDEC-SUL - Campus Carreiros

domingo, 15 de agosto de 2010

Série de eventos marcará a celebração dos 120 anos de nascimento de Agatha Christie

DO CORREIO DO POVO - 15/08/2010

Uma série de eventos marcará a celebração dos 120 anos de nascimento da escritora Agatha Christie. Um festival está sendo organizado em Torquay, cidade natal da escritora, no Oeste da Inglaterra. Aqui no Brasil, a L&PM prepara o lançamento especial de um hotsite para os fãs da Rainha do Crime. Nele estarão informações sobre os quase 30 livros publicados na coleção Pocket, além de curiosidades em geral, como relação dos personagens mais importantes e um quiz para testar os conhecimentos do leitores internautas. O Festival de Torquay será realizado entre 12 e 19 de setembro.
Quem lembra da grande e eterna Dama do Crime, sabe que os rebentos mais expressivos da obra literária de Agatha Christie são, é claro, o detetive belga Hercule Poirot e a velhinha da cidadezinha inglesa (fictícia) St. Mary Mead, miss Jane Marple. Cada um, de seu modo, resolveram muitos e intrincados crimes, passaram para a galeria dos personagens mais famosos da história da literatura internacional e de uma certa maneira eclipsaram a lembrança de outros dois personagens, menos conhecidos, mas igualmente importantes da autora inglesa.
A dupla (e depois casal) Tommy e Tuppence já marcava presença em sua primeira aventura, "O Inimigo Secreto", de 1922. Este era o segundo título lançado de Agatha May Clarissa Mallowan, escrito logo após "O Misterioso Caso de Styles", publicado em 1920, a primeira investigação do bigodudo Poirot. A L&PM Editores, que está relançando toda a obra de Agatha Christie, curiosamente já publicou "Sócios no Crime" (com pequenas histórias da dupla e o título mais fraco da série) e a última aventura do casal, "Portal do Destino", que era inédita no Brasil. "O Inimigo Secreto", "Pressentimento Funesto" e "M ou N?" aguardam na fila."O Inimigo Secreto" é um dos melhores romances da autora. Começa com o naufrágio de um navio inglês, em plena guerra. Na hora de descer para o barco salva-vidas, a jovem chamada Jane Finn recebe um pacote misterioso das mãos de um homem desesperado. A busca pela jovem e pelo pacote marcarão a estreia de Tommy e Tuppence Beresford num caso intrincado que envolve segredos militares, espiões, traições, um político importante e um milionário americano.



terça-feira, 10 de agosto de 2010

Poesia e Música: conflitos sociais brasileiros marcados na arte barroca

POR PAOLA PEREIRA

O Barroco no Brasil se deu por volta do século XVII e a metade do século XVIII, período que corresponde à consolidação de uma aristocracia colonial brasileira. O país passava por uma série de mudanças sociais, econômicas e culturais, que nesse período tornaram-se temas centrais das produções artísticas.
A poesia barroca atravessou três fases no Brasil, e sem sombra de dúvida, a grande expressão foi Gregório de Matos e Guerra, poeta com grande veia satírica, e igualmente penetrante na religião e no amor, muitas vezes de crua carga erótica. Já no que se refere à música, temos José Mauricio Nunes Garcia, padre tímido e ingênuo que desenvolvia um estilo direto e de melodismo simples e sincero.
Gregório de Matos, mais conhecido como ‘O Boca do Inferno’ por suas criticas mordazes aos costumes da época, foi o primeiro nativo a trazer um hausto de expressividade vital a linguagem poética no Brasil, em contraste com os demais versejadores da época colonial. A critica descortina o fato de o autor ter dotado sua obra de violento sopro de vida, quando a poesia barroca, em geral era artificiosa e fria. Vale mencionar que não podemos vê-lo apenas como um poeta satírico, mas também como poeta religioso e mesmo como poeta lírico se tornou um dos mais representativos do barroco brasileiro.
Suas poesias satíricas nos revelam seu espírito critico; a critica ao brasileiro explorado pelo colonizador, a critica ao próprio colonizador português, ao clero e aos costumes da sociedade baiana:

A cada canto um grande conselheiro,
Que nos quer governar cabana e vinha:
Não sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro!

Em cada porta um bem freqüente olheiro
Da vida do vizinho e da vizinha,
Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha
Para o levar a praça e ao terreiro

Muitos mulatos desavergonhados,
Trazidos pelos pés aos homens nobres;
Posta nas palmas toda a picardia

Estupendas usuras nos mercados:
Todos os que não furtam, muito pobres:
Eis aqui a cidade de Bahia

Portanto, como é possível perceber pelo poema, Matos satiriza os fofoqueiros, ladrões e agiotas incompetentes.
Além da poesia literária, temos outra face de expressão cultural: a música, que também está repleta de marcas sociais.Sua trajetória, ao contrario das outras artes no barroco brasileiro, é das menos conhecidas e das que nos deixou menos relíquias.
Os teóricos barroquistas citam um famoso soneto de Mariano (também barroco):

E DEL POETA IL FIN LA MERAVIGLIA
CHI NON AS FAR STUPIR, VADA ALTA STRIGLIA.

A música tem que ser maravilhosa, grandiosa, produzir espanto no ouvinte, atacar nossos sentidos e ter muitos bordados e volutas. Ela nos mostra a vitória do individuo sobre o coro. Esse gênero instituiu a soberania do cantor: ele é o centro e é em torno dele que se monta todo o espetáculo. O tempo do interprete era o do prazer ou o do desprazer mundano; o êxtase religioso era uma forma de manifestar a sensibilidade ao extremo.
rande parte da prática e do ensino era conduzida pelos religiosos, o que mais se produziu foi no gênero sacro, no qual o religioso potencializava o real e as suas perspectivas em razão de seus sonhos, desejos e crenças mais profundos, ditos através dessa linguagem sensível e simbólica em missas, motetos, antífonas, ladainhas e salmos, seja a capella, seja para solista com coro e orquestra.Os louvores, em sua maioria eram marcados pela percussão, e ampliados pelo uníssono do coro e sublinhados pelos metais.
Padre José Mauricio Nunes Garcia é considerado um dos maiores compositores das Américas do seu tempo (1767-1830). Sua inapetência para a música profana foi uma de suas pedras de tropeço em uma sociedade marcada de desonestidade, corrupção, carregada de ambições e sexualidade desenfreada.
A maior parte de suas composições estão voltadas para a música sacra, como TOTA PULCHRA ES MARIA (1783); ECCE SACERDOS (1798); BENDITO E LOUVADO SEJA (1814-1815), entre tantas outras. Mas também são de sua autoria e merecedoras de destaque as músicas dramáticas, orquestral e as modinhas, dentre elas No Momento da Partida e Beijo A Mão Que Me Condena:

Beijo a Mão Que Me Condena ( modinha )
Padre José Mauricio Nunes Garcia

Beijo a mão que me condena
a ser sempre desgraçado
obedeço ao meu destino
respeito o poder do fado

Que eu ame, tanto sem ser amado
Sou infeliz, sou desgraçado.

Contrapondo-se ao Padre Nunes Garcia temos Caetano Melo de Jesus, ao qual é atribuída, por muitas vezes a autoria de Cantata Acadêmica, obra entendida por muitos como ótimo exemplo da retórica típica da época. Assim como Gregório de Matos, Melo segue uma vertente de produção musical voltada para o profano:

(...)

“E bem que quis a mísera fortuna,
Que vos fosse molesta e que importuna
A hospedagem, Senhor, desta Bahia.

Sabem os céus e testemunha sejam,
Que dela os naturais só vos desejam
Faustos anos de vida e saúde,
De prospera alegria, pela afável virtude

De vossa generosa urbanidade,
Com que a todos honrais, desta cidade!

(...)

Oh! Quem me dera a voz, que dera a lira
De Anfião e de Orfeu, que arrebatava os montes
E fundava cidades, pois com elas erigira

Um templo que servisse por memória
E eterno momento á vossa glória!

(...)

Oh! Se também tivera o canto grave
Da filomela doce e cisne suave,
Vosso louvor, sem pausa, cantaria,
Com cláusula melhor, mais harmonia.”

Os poetas e os músicos evadiram-se pelo culto exagerado da forma, sobrecarregando a poesia de figuras como a metáfora, a antítese, a hipérbole e a alegoria, voltando-se também para uma ornamentação musical mais elaborada e a combinação de instrumentações e vozes mais variadas em conjunto a oratórios e cantatas.
Tanto a poesia quanto a música barroca são marcadas por uma linguagem complicada, excessivamente trabalhada através de expressões eruditas, de uma sintaxe extremamente rebuscada, com o uso freqüente de idéias apresentadas em ordem inversa, repetições e paralelismos. É fato que ambos apresentam uma característica que é muito forte: o pessimismo, onde a vida terrena é vista como triste, cheia de sofrimentos, enquanto a vida celestial é luminosa e tranqüila.
Hoje muitas pesquisas continuam revelando obras musicais que foram dadas como perdidas, enriquecendo o nosso conhecimento sobre um campo que pouco conhecemos, onde existe muito para resgatar e entender. Mas com esse breve levantamento já conseguimos perceber que a música atuava como ‘processo’ de significado social, assim como a literatura e as demais artes, abordando os conflitos existenciais: fé x razão, teocentrismo x antropocentrismo, corrupções, desonestidades, que eram questões muito discutidas no século XVIII, e ainda presentes em pleno século XXI.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

E COMEÇA A FLIP...

INFORMAÇÕES DA FOLHA DE SÃO PAULO



Neste ano, a Flip (Feira Literária Internacional de Paraty) recebe 32 autores distribuídos em 18 mesas entre os cinco dias de festival (de 04 a 08 de agosto).

Na mesa que abre esta edição do evento, o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso, que fala sobre a obra de Gilberto Freyre.
Destaque ainda para Ferreira Gullar, Moacyr Scliar, Isabel Allende, Robert Crumb, Colum McCann e Salman Rushdie.
Veja abaixo a programação completa da Flip neste ano.
Quarta-feira (04/08)
19h - Conferência de abertura com Fernando Henrique Cardoso e Luiz Felipe de Alencastro
21h30 - Show de abertura com Edu Lobo, Renata Rosa, Marcelo Jeneci e Quarteto de cordas da Academia da Osesp
Quinta-feira (05/08)
10h - Mesa 1 ("Ao Correr da Pena", com Edson Nery da Fonseca, Moacyr Scliar e Ricardo Benzaquen)
12h - Mesa 2 ("De frente pro Crime", com Patrícia Melo e Lionel Shriver)
15h - Mesa 3 ("Fábulas Contemporâneas", com Reinaldo Moraes, Ronaldo Correia de Brito e Beatriz Bracher)
17h15 - Mesa 4 ("Veias Abertas", com Isabel Allende)
19h30 - Mesa 5 ("O Livro: Capítulo 1", com Peter Burke e Robert Darnton)
Sexta-feira (06/08)
10h - Mesa 6 ("O livro: Capítulo 2", com Robert Darnton e John Makinson)
12h - Mesa 7 ("Além da Casa-Grande", com Alberto da Costa e Silva, Maria Lúcia Pallares-Burke e Ângela Alonso)
15h - Mesa 8 ("Chá Pós-Colonial", com William Boyd e Pauline Melville)
17h15 - Mesa 9 ("Promessas de Um Velho Mundo", com A. B. Yehoshua e Azar Nafisi)
19h30 - Mesa 10 ("Em Nome do Filho", com Salman Rushdie)
Sábado (07/08)
10h - Mesa 11 ("Andar com Fé", com Terry Eagleton)
15h - Leitura ("Alguma Poesia", com Chacal, Antonio Cicero, Ferreira Gullar e Eucanaã Ferraz)
17h15 - Mesa 13 ("Gullar, 80", com Ferreira Gullar)
19h30 - Mesa 14 ("A Origem do Universo", com Robert Crumb e Gilbert Shelton)
21h45 - Filme ("José & Pilar", com Miguel Gonçalves Mendes)
Domingo (08/08)
09h30 - Mesa Zé Kléber ("Paraty: Passando o Futuro a Limpo", com Victor Zveibil, Ana Carla Fonseca is e Luís Perequê)
11h45 - Mesa 16 ("Gilberto Freyre e o Século 21", com José de Souza Martins, Peter Burke e Hermano Vianna)
14h30 - Mesa 17 ("Cartas, Diários e Outras Subversões", com Wendy Guerra e Carola Saavedra)
16h30 - Mesa 18 ("Nacional, Estrangeiro", com Benjamin Moser e Berthold Zilly)
18h15 - Mesa 19 ("Livro de Cabeceira", em que convidados da Flip leem trechos de seus livros prediletos)

Conheça abaixo todos os autores que participam da Flip neste ano.
Abraham B. Yehoshua (1936 - Israel)
Alberto da Costa e Silva (1931 - Brasil)
Angela Alonso (1969 - Brasil)
Azar Nafisi (1955 - Irã)
Beatriz Bracher (1961 - Brasil)
Benjamin Moser (1976 - EUA)
Berthold Zilly (1945 - Alemanha)
Carola Saavedra (1973 - Chile)
Colum McCann (1965 - Irlanda)
Edson Nery da Fonseca (1921 - Brasil)
Fernando Henrique Cardoso (1931 - Brasil)
Ferreira Gullar (1930 - Brasil)
Gilbert Shelton (1940 - EUA)
Hermano Vianna (1960 - Brasil)
Isabel Allende (1942 - Peru)
John Makinson (1954 - Inglaterra)
Lionel Shriver (1957 - EUA)
Luiz Felipe de Alencastro (1946 - Brasil)
Maria Lúcia Garcia Pallares-Burke (1946 - Brasil)
Moacyr Scliar (1937 - Brasil)
Patrícia Melo (1963 - Brasil)
Pauline Melville (1946 - Guiana)
Peter Burke (1937 - Inglaterra)
Ricardo Benzaquen (1952 - Brasil)
Robert Crumb (1943 - EUA)
Robert Darnton (1939 - EUA)
Ronaldo Correia de Brito (1950 - Brasil)
Salman Rushdie (1947 - Índia)
Terry Eagleton (1943 - Inglaterra)
Wendy Guerra (1970 - Cuba)
William Boyd (1952 - Gana)
William Kennedy (1928 - EUA)

SÃO FEIAS... MAS SÃO MULHERES!

POR ROSMARIO ZAPORA



Hoje em dia a beleza é fundamental... Assim declara a mídia e ainda fala o significado de beleza: mulheres magras, com rosto perfeito e sem nenhuma mancha. Mas nem sempre foi assim, outrora a beleza era de diferentes maneiras e às vezes isolada. E para comprovar isto mostrarei o ponto de vista de um grande admirador da beleza feminina, o poeta Gregório de Matos.
Viveu na Bahia no século XVII, em uma época que existiam muitos tipos e raças de mulheres: brancas, negras, baixas, altas, velhas, novas, viúvas, casadas, solteiras, fidalgas, escravas, freiras e prostitutas; e teve o prazer de apaixonar-se e possuir várias de cada gênero.
Ao contrário do que pensam hoje, Gregório via nas mulheres belezas distintas e raras em mínimos detalhes, e em cada mirada seu desejo brotava e sua vontade de tê-las crescia.
Desde seus tempos de criança, quando aluno em colégios jesuítas, já admirava figuras e imagens de mulheres e santas em livros que lia, e com o passar do tempo tomou gosto e prazer em fazer isto.
“São feias, mas são mulheres”... Estas palavras que o poeta adorava repertir explicam que não interessava- lhe a beleza por um todo, mas a beleza que contém a mulher, seus corpos despertavam lhe os mais diversos sentimentos, desde o mais terno ao mais voraz.
Ao passar uma escrava, não pensava que era uma escrava e sim uma mulher, com um belo molejo em seus quadris, com seus seios arredondados, que muitas vezes tivera a sorte e o prazer de velos, para fora das roupas surradas e sujas das cativas, e os belos pés negros descalços pelas ruas da Bahia.
Quando via uma nobre fidalga, muitas vezes de rostos marcados pelas primaveras vividas, apreciava uma orelha bem desenhada, um belo par de tornozelos, que por descuido apareciam no levantar das várias faldas que utilizavam.
As prostitutas... Ah as prostitutas, as suas primeiras fãs, nenhum homem travava elas igual Gregório. Sempre após de possuir uma delas, e sempre com muito carinho e desejo, recitava poesia ou contava algo interessante, coisas que elas adoravam.
Gregório apreciava delicadezas e até mesmo as grosserias, sim, grosserias, por que uma mulher furiosa tem feições penetrantes. As formas da mulher era umas das coisas que mais sabia admirar e gostava de fazer: as belas coxas grossas, nádegas avantajadas, mãos macias, etc.
Talvez um pensamento de Gregório possa se comparar com os pensamentos de hoje, ou pelo menos a idéia central, que as mulheres são demônios.
Hoje uma grande parte dos homens pensam que elas, na maior parte do dia, só servem para falar da vida alheia, arrumar conflitos, gasta dinheiro e se preocupar com coisas fúteis, não que Gregório de Matos não pensara isto também, mas pensava mais nas mulheres demônios no amor. As mulheres quando possuídas na cama se transformavam, as santas se tornavam pecadoras enlouquecidas, as com rostos celestiais eram as mais perigosas e as feias e gordas também não ficavam atrás.
Tudo isto que escrevo nestas linhas é comprovado pelos belos poemas que fez, como por exemplo, para Ângela de raríssima formosura, ou então para Custódia, sua parenta. Declarava-se de várias formas, inclusive com instrumentos, como fez para Catarina a quem dedilhou ternamente as cordas da lira. O poema a seguir é um dos exemplos, que fez a Maria dos Povos, um rebento de amor que viera ser sua esposa no futuro:

“Discreta e formosíssima Maria,
Enquanto estamos vendo a qualquer hora
Em tuas faces a rosada Aurora,
Em teus olhos, e boca o Sol, e o dia:
Enquanto com gentil descortesia
O ar, que fresco Adônis te namora,
Te espalha a rica trança voadora,
Quanto vem passear-te pela fria:
Goza, goza, da flor da mocidade,
Que o tempo trota a toda ligeireza,
E imprime em toda a flor sua pisada.
Oh não aguardes, que a madura idade
Te converta em flor, essa beleza
Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada.”


Como falei acima, ele sem preconceitos, gostara de todas as raças, este exemplo a seguir, é para demonstrar o afeto que tinhas pelas belas mulatas:



Minha rica mulatinha,
desvelo e cuidado meu,
eu já fora todo teu,
e tu foras toda minha;
Juro-te, minha vidinha,
se acaso minha qués ser,
que todo me hei de acender
em ser teu amante fino pois
por ti já perco o tino,
e ando para morrer.

Estas poesias mostram bem o seu parecer sobre as mulheres, a imagem de anjos e ao mesmo tempo uma fonte de pecados, fonte esta que tanto gostara de beber e esbaldar se.
Claro que nem sempre obtera sucesso, mas mesmo assim não deixara de as amar ou querelas, muito ao contrário do que as vezes ocorre hoje, que um simples não, transforma a formosa e bela guria, em uma arrogante e horrível prostituta.
Creio que o que escrevi aqui pode ser um grande exemplo de um grande conqusitador mas acima de tudo um observador. Observador que mostra nos o quão importante é ver uma mulher com olhos de poeta, ver que todas elas têm suas belezas e defeitos, mas que fazem delas mulheres, um anjo e demônio ao mesmo tempo, que não vivemos sem, e isso Gregório sabia e muito bem. Podem ser magras, com rosto perfeito e sem nenhuma mancha, mas também gordas com marcas de expressões, amargas e nervosas, doceis e amáveis, morenas e claras, lindas ou feias... feias, mas são mulheres.

REFERÊNCIAS
• MIRANDA, A, Boca do Inferno, 1989;
• http://pt.wikipedia.org;
• http://www.infoescola.com/escritores/gregorio-de-matos-guerra/;
• http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/sala_de_aula/portugues/literatura_brasileira/autores/lirica;
• http://www.filologia.org.br/ixcnlf/2/01.htm
• http://www.cce.ufsc.br/~nupill/literatura/picaros.html.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Fernão Cardim e seu entendimento sobre o gentio

Por Cláudia de Geus Noernberg



Entre os cronistas e viajantes que estiveram no Brasil na época quinhentista, merece destaque o jesuíta Fernão Cardim, que foi uma das mais eminentes figuras da Companhia de Jesus, permanecendo quarenta e dois anos na aldeia de Abrantes, nos arredores de Salvador, aonde chegou em 1583. Em seus registros sobre os hábitos e costumes dos índios brasileiros, Cardim também revelou características dos próprios portugueses com quem tinha contato. Especialmente por sua capacidade de analisar de modo respeitoso e coerente as diferenças culturais entre os povos ameríndios e os povos europeus, conseguiu visualizar no Brasil “um novo mundo”, concepção que se refletiu em seus Tratados da Terra e Gente do Brasil, escritos entre 1583 e 1601, de modo específico naquele intitulado Do Princípio e Origem dos Índios do Brasil e de seus costumes, adoração e cerimônias.
Embora esta obra atualmente seja objeto de vários estudos históricos e literários, posto que preciosa fonte de informação, muito tempo transcorreu até que se tornasse conhecida, valorizada e devidamente publicada, sobretudo por não existirem provas concretas de que Fernão Cardim era realmente o seu autor. Quando da publicação, em 1881, da primeira edição do “tratado sobre os índios do Brasil”, o historiador brasileiro Capistrano de Abreu, ao apresentar a obra, teceu inúmeros comentários a respeito de como chegou à conclusão de que a autoria do manuscrito era mesmo de Fernão Cardim. Após analisar momentos da trajetória deste jesuíta, fazendo uma analogia entre o manuscrito e a Narrativa Epistolar de uma Viagem e Missão Jesuítica - esta última publicada em 1847 e já atribuída a Fernão Cardim, o historiador descobriu inúmeros pontos em comum, tanto nas informações que convergiam, quanto na forma de escrever, que revelava o estilo de Cardim. Isso lhe possibilitou destilar uma crítica sutil à falta de interesse dos estudiosos portugueses em publicar o referido manuscrito, considerado anônimo até o momento, e que permaneceu inédito em língua portuguesa até 1847, embora tenha sido publicado parcialmente em inglês em 1625, com atribuição a outro autor.
São estas as palavras de Capistrano de Abreu (1881):

O pequeno tratado sobre os índios que agora publicamos, ainda não foi impresso em português. Poucas pessoas examinaram-no em Évora, onde está o manuscrito original, e estas o não julgaram, ao que parece, digno de ser posto em circulação. Os ingleses não pensaram do mesmo modo: desde 1625 está ele traduzido em sua língua e faz parte da curiosa e raríssima coleção de Purchas. Foi aí que o lemos pela primeira vez e reconhecemos o seu interesse e seu valor.

Transcorrido mais de um século, Ana Maria de Azevedo (2009, p. 65 - 66), licenciada em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde obteve o grau de mestre com a dissertação sobre a vida e a obra do Padre Fernão Cardim, ao fazer os comentários introdutórios dos tratados na edição de 2009, define com perspicácia os méritos deste nobre jesuíta:

É notório neste autor o Homem completo, que procura captar o maior número de conhecimentos, observando tudo o que o rodeia, um humanista que procura um saber em harmonia com o viver e ainda um saber em harmonia com um novo mundo. Mas sempre um saber global, total, que consiga transmitir o maior número de informações aos seus superiores. Nele encontramos o geógrafo, que estuda a terra, o seu clima e a sua habitabilidade; o etnógrago, que descreve os povos indígenas, seus usos e costumes, com respeito e coerência; o zoólogo e o botânico, que observa com rigor a fauna e flora desconhecidas, descrevendo-as de uma forma quase visual; o cronista que traça os hábitos das populações, até mesmo os gastronômicos, e que menciona as missões dos jesuítas, os seus colégios e residências, o estado das capitanias, os seus habitantes e suas produções, o progresso ou a decadência da Colônia e as suas causas, assim como os problemas que tinham de enfrentar diariamente, alertando mesmo o poder para as questões a resolver.

A partir dessas considerações, torna-se imprescindível examinar mais atentamente os manuscritos de Fernão Cardim, com atenção especial para a sua detalhada descrição dos hábitos e costumes dos índios brasileiros.
Pelo fato de serem ágrafos, ou seja, por não possuírem língua escrita, considerou-se por muito tempo que os índios não tinham um sistema de crenças. Todavia, o testemunho dos cronistas e viajantes da época demonstrou o contrário. Cardim já inicia seu tratado sobre os índios, por ele denominados gentios, fazendo referência ao conhecimento destes sobre a ocorrência do dilúvio, embora o explicassem de modo confuso e diferente das escrituras. Afirma também que, embora os índios não tivessem conhecimento da existência do Criador, acreditavam que possuíam alma e que esta não morria. Em seguida explica que chamavam a Deus de Tupã - “pai que está no alto”, como o criador dos relâmpagos e trovões, bem como o provedor do sustento da tribo. Esses aspectos concernentes à existência ou não de um “ser criador” para os índios ainda têm sido objeto de investigação, havendo divergências entre estudiosos e etnólogos quanto ao grau de importância e quanto às atribuições de Tupã nas crenças indígenas.
Em relação aos casamentos nas tribos, existia uma preocupação especial dos jesuítas, tendo em vista ser comum entre os índios a prática da poligamia e do adultério. Isso levou os padres a tomarem a decisão de considerarem como matrimonial a união de um casal com mais de trinta anos que vivesse em comunhão com seus filhos há vários anos. Em seu tratado, Cardim (2009, p. 176-177) apresenta algumas peculiaridades a respeito da sexualidade dos índios:

Nenhum mancebo se acostumava casar antes de tomar contrário, e perseverava virgem até que o tomasse e matasse correndo-lhe primeiro suas festas por espaço de dois ou três anos; a mulher da mesma maneira não conhecia homem até lhe não vir sua regra, depois da qual lhe faziam grandes festas; ao tempo de lhe entregarem a mulher faziam grandes vinhos, e acabada a festa ficava o casamento perfeito, dando-lhe uma rede lavada, e depois de casados começavam a beber, porque até aí não o consentiam seus pais, ensinando-os que bebessem com tento, e fossem considerados e prudentes em seu falar, para que o vinho lhe não fizesse mal, nem falassem cousas ruins, e então com uma cuia lhe davam os velhos antigos o primeiro vinho, e lhe tinham a mão na cabeça para que não arrevessassem, porque se arrevessava tinham para si que não seria valente e vice-versa.

A citação acima demonstra o quanto as anotações de Cardim se detiveram em questões que outros cronistas sequer mencionaram em seus registros. O navegador português, Pero Lopes de Souza, por exemplo, em seu Diário da Navegação, publicado em 1839, se preocupou mais em detalhar o cotidiano, o caminho que percorreu com a nau, os lugares por que passou, a situação geográfica, fazendo poucas referências aos índios, algumas inclusive errôneas, como o justificar que são muito tristes porque choram muito. No entanto, o tratado do padre Fernão Cardim (2009, p. 182-183) explica de maneira acertada o ritual do choro:

Entrando-lhe algum hóspede pela casa a honra que lhe fazem é chorarem-no: entrando, pois, logo o hóspede na casa o assentam na rede, e depois de assentado, sem lhe falarem, a mulher e filhas e mais amigas se assentam ao redor, com os cabelos baixos, tocando com a mão na mesma pessoa, e começam a chorar em altas vozes, com grande abundância de lágrimas, e ali contam em prosas trovadas quantas cousas têm acontecido desde que se não viram até aquela hora, e outras muitas que imaginam, e trabalhos que o hóspede padeceu pelo caminho, e tudo o mais que pode provocar a lástima e choro.

Um tema que interessou muito a Cardim foi o modo pelo qual os índios criavam os filhos, já que na Europa as crianças eram criadas à margem de seus pais, sendo amamentadas por amas, o que eliminava qualquer possibilidade de criação de laços afetivos entre as mães e os recém-nascidos. Ele percebeu o quanto os índios amavam seus filhos, pois jamais os deixavam, levando-os presos em tipoias para todos os lugares, sem lhes aplicar qualquer castigo, por estimarem mais fazer bem aos filhos que a si próprios. Justificou também a estima dos índios pelos padres, tendo em vista que estes ensinavam os seus filhos a ler e escrever, contar e cantar.
A antropofagia, assunto incessantemente abordado pelos cronistas em seus manuscritos, foi referenciada com tanta riqueza de detalhes, que facilmente impressionaria um leitor mais desavisado. A descrição feita por Cardim não deixa de incluir o ritual que se fazia posteriormente com o matador do inimigo, cujo sofrimento representava uma espécie de purificação para afastar de perto de si a alma do morto.
O capítulo do tratado que se refere à diversidade de nações e línguas, no qual o padre enumerou cerca de cento e quatro nações ameríndias, a grande maioria delas não mencionadas nos textos quinhentistas, estabelece algumas distinções entre dois grupos considerados principais: os Tupis e os Tapuias. Os Tupis eram os que viviam na costa do mar e falavam uma só língua, de fácil aprendizagem, sendo suscetíveis à conversão ao cristianismo, pois tinham grande admiração pelos padres da Companhia de Jesus. Já as nações de Tapuias, inimigas dos Tupis e contrárias até mesmo entre si, falavam diferentes línguas e eram de difícil conversão, sendo apenas algumas nações de Tapuias amigas dos portugueses. A partir desses dois grandes grupos, Cardim descreveu características de cada uma das subcategorias de nações ameríndias. Até o momento, nenhum estudioso conseguiu apresentar uma explicação convincente sobre a origem de todos os nomes citados por Cardim.
Não houve preocupação de incluir neste trabalho trechos da Narrativa Epistolar, de Fernão Cardim, posto que as informações nela apresentadas, quanto aos costumes e hábitos dos ameríndios, são muito semelhantes às do tratado ora analisado, sendo este último considerado mais adequado ao estudo, conforme justifica o historiador Capistrano de Abreu (1881):

Há simplesmente duas diferenças; a Narrativa foi dirigida a um amigo e nela o autor deixou seu estilo correr mais livremente, desenvolvendo certos pontos de preferência, referindo-se a objetos conhecidos pelo seu leitor; no opúsculo sobre os índios ele é mais conciso. Além disso, a Narrativa trata dos índios apenas como acidente da viagem, como adorno da paisagem; no Tratado, os índios são o objeto principal, e assim os esclarecimentos são mais condensados e encadeados uns aos outros.

Os manuscritos de Fernão Cardim contribuíram enormemente para o enriquecimento cultural nacional, servindo como valiosa fonte informativa para as gerações que se seguiram, inclusive de escritores, que se deixaram envolver pelo fenômeno nativista e o fizeram transparecer em seus textos. Convém, pois, lembrar o dizer de Alfredo Bosi (1972, p. 16), em História Concisa da Literatura Brasileira, sobre a influência positiva que a literatura de informação exerceu sobre alguns célebres escritores brasileiros:

E não é só como testemunhos do tempo que valem tais documentos: também como sugestões temáticas e formais. Em mais de um momento a inteligência brasileira, reagindo contra certos processos agudos de europeização, procurou nas raízes da terra e do nativo imagens para se afirmar em face do estrangeiro: então, os cronistas voltaram a ser lidos, e até glosados, tanto por um Alencar romântico e saudosista como por um Mário ou um Oswald de Andrade modernistas. Daí o interesse obliquamente estético da “literatura” de informação.

Finalmente, não merecem ser ignoradas as palavras de Rodolfo Garcia, um dos maiores estudiosos da obra de Fernão Cardim, em introdução à edição publicada em 1980 (apud AZEVEDO, 2009, p.10):

Quantos estudem o passado brasileiro hão de reconhecer que no acervo dos serviços prestados às nossas letras históricas existe em aberto grande dívida de gratidão para com esse meritório jesuíta. De fato, entre os que em fins do século XVI trataram das coisas do Brasil, foi Fernão Cardim dos mais crédulos informantes, em depoimentos admiráveis, que muita luz trouxeram à compreensão do fenômeno na primeira colonização do país. Foi dos precursores da nossa História, quando ainda o Brasil, por assim dizer, não tinha história. [...] Seus depoimentos são os de testemunha presencial, e valem ainda mais pela espontaneidade e pela sinceridade com que singelamente os prestou.

A valorosa contribuição histórica e literária prestada por Fernão Cardim deixa, sem dúvida, um convite inescusável a esse mergulho no passado, que não se destina apenas a teóricos, mas dirigi-se a todos aqueles que aspiram a um conhecimento mais aprofundado sobre o Brasil quinhentista e, principalmente, sobre seus primeiros habitantes. De fato, é uma leitura que não se pode dispensar.

Referências bibliográficas:
BOSI, A. A condição colonial. In:____.História concisa da literatura brasileira. 2. ed. São Paulo: Cultrix, 1972. p. 11-29.
CARDIM, F. Tratados da terra e gente do Brasil. Disponível em: Acesso em: 08 jun.2010.
CARDIM, F. Dos princípios e origens dos índios no Brasil (introdução de Capistrano de Abreu). Disponível em: Acesso em: 11 jun. 2010.
CARDIM, F. Narrativa epistolar de uma viagem e missão jesuítica. Disponível em: Acesso em: 08 jun. 2010
SOUZA, P. L. Diário da navegação da armada. Disponível em: Acesso em: 08 jun. 2010.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

GRANDE POR NATUREZA: O BRASIL VISTO PELOS CRONISTAS

POR KELLIS COELHO FARIAS

O Brasil é uma terra de riquezas naturais que recebe a admiração de muitos povos cujos territórios não possuem tamanha variedade, beleza e extensão. O clima agradável e os lugares maravilhosos encontrados neste país, contribuem para o incentivo turístico dos próprios brasileiros, pouco conhecedores da importância que a natureza tem na história do Brasil.
É preciso ir além do simples conhecimento de que o nome Brasil vem de uma árvore chamada pau-brasil, com a qual os índios produziam uma tinta avermelhada.
As referências aos animais, às aves, muitas águas e árvores fornecem uma amostra da grandiosidade e beleza natural encontrada e registrada pelos cronistas, afinal, o impacto que a natureza brasileira causa nas pessoas, não é algo recente. A beleza dessas terras impressiona desde o início de sua história.
Documentos que registram o início da história do Brasil revelam semelhanças na descrição dessa riqueza natural, elogiada por sua variedade, qualidade e beleza, oportunizando uma reflexão sobre o tratamento recebido pela natureza atualmente.
O roteiro que norteará o levantamento das informações é formado pelas seguintes leituras:
• Carta de Pero Vaz de Caminha a El Rei D. Manuel;
• Duas Viagens ao Brasil: primeiros registros sobre o Brasil, de Hans Staden;
• História da Província de Santa Cruz, de Pêro de Magalhães Gândavo;
• Viagem à terra do Brasil, de Jean de Léry e
• Livro Cronistas do Descobrimento contendo, entre outros, trechos sobre As Singularidades da França Antártica, de André Thevet.
Por tratar-se de um grande número de informações, abordaremos apenas os aspectos relativos ao plantio da mandioca pelos indígenas, as grandes árvores encontradas, os frutos deliciosos e abundância de águas.

Sobre o plantio de raízes

Todas as obras citadas têm em comum a referência ao plantio de raízes (mandioca), alguns descrevendo com maiores detalhes a forma como se plantava e como era produzida a farinha de mandioca. Essas informações podem ser levantadas com a observação de alguns trechos das referidas obras.
Iniciando com a Carta de Pero Vaz de Caminha observamos uma referência ao plantio de raízes para a alimentação:

[...] Nem há aqui boi, nem vaca, nem cabra, nem ovelha, nem galinha, nem outra nenhuma alimária que seja acostumada ao viver dos homens, nem comem senão desse inhame – que aqui há muito [...] (CAMINHA, 1500).

O que fora constatado por Caminha com relação à existência farta dessa raiz, é confirmado por Hans Staden quando, refere-se à maneira como os indígenas preparavam as raízes, conforme o texto a seguir:

[...] enterram as mudas das plantas de raízes, que usam como pão, entre as cepas das árvores. Essa planta chama-se mandioca. É um arbusto que cresce até uma braça de altura e cria três raízes. Quando querem preparar as raízes, arrancam o arbusto, retiram as raízes e os galhos e enterram novamente pedaços do tronco. Estes, então, geram raízes e crescem em seis meses, o necessário para que se possa consumi-los. (STADEN, 2008, p.142).

Conforme a citação acima, verificamos que na obra de Hans Staden a descrição feita pelo autor não está restrita apenas ao modo de alimentação, mas inclui a informação da maneira pela qual os habitantes da terra a cultivavam.
Na obra de Pêro de Magalhães Gândavo encontramos também referência ao plantio e cultivo da mandioca, concordando com os trechos já citados. Abaixo segue um exemplo:

Primeiramente tratarei da planta e raiz de que os moradores fazem seus mantimentos que la comem em logar de pão. A raiz se chama mandioca, e a planta de que se gera he de altura de hum homem pouco mais ou menos. Esta planta nam he muito grossa, e tem muitos nós: quando a querem plantar em alguma roça cortão-na e fazem-na em pedacos, os quaes metem debaixo da terra, depois de cultivada, como estacas, e dahi tornaõ arrebentar outras plantas de novo: e cada estaca destas cria tres ou quatro raízes [...]. (GÂNDAVO,1980,cap. V).

Observamos no trecho citado acima a semelhança na narrativa da descrição do plantio da mandioca entre Hans Staden e Gândavo.
Informação semelhante é encontrada na obra de André Thevet, a qual faz menção da raiz muito comum e bastante consumida pelos moradores da terra, conforme o trecho a seguir:

[...] por terem eles grande abundância dessa raiz, quase não comem outra coisa, ela é tão comum entre eles quanto o pão é para nós.
Dessa raiz encontram-se duas espécies do mesmo tamanho. A primeira, depois de cozida, fica amarela como o marmelo; a outra, fica esbranquiçada. E essas duas espécies têm folha semelhante ao maná e nunca dão sementes. Por isso, os selvagens plantam de novo a mesma raiz cortada em rodelas (...) que se multiplica em abundância. (OLIVIERI, A. C.; VILLA, M. A., 2008, p. 61).

egundo a citação mencionada anteriormente, confirma-se que o cultivo e o consumo da mandioca era uma prática comum dos indígenas. Esse fato também é relatado por Jean de Léry, de acordo com um trecho de sua obra Viagem à terra do Brasil, encontrada no livro Cronistas do Descobrimento:

No referente aos campos e às terras, cada pai de família terá também algumas jeiras à parte, que ele escolhe onde quer, segundo sua comodidade, para fazer roça e plantar suas raízes [...] (OLIVIERI, A. C.; VILLA, M. A., 2008, p.70).

Com a contribuição dessa citação, fica evidente pelo relato unânime dos cronistas, que a principal fonte de alimentação dos índios vinha do plantio da mandioca, comparado ao consumo habitual de pão daqueles que chegaram ao Brasil. Alguns relatando de forma mais detalhada, outros mais resumidamente, no entanto, todos abordam a questão do plantio dessas raízes tão comuns no país.

Sobre as árvores

As árvores chamaram a atenção dos autores pelo seu porte e utilidade.
Na Carta de Pero Vaz de Caminha, observamos que as árvores encontradas foram citadas pelo seu grande porte, conforme o trecho abaixo:

[...] houvemos vista de terra, a saber: primeiramente, de um grande monte mui alto e redondo; de outras serras mais baixas, ao sul dele; e de terra chã (plana), com grandes arvoredos [...](CAMINHA, 1500).

Também de Caminha, a citação abaixo concorda com a anterior, informando sobre os grandes arvoredos que aqui se destacam pela vasta quantidade:

Alguns diziam que viram rolas, mas eu não as vi; mas como os arvoredos são muitíssimos, grandes e de infindas maneiras, não duvido que por esse sertão haja muitas aves. (CAMINHA, 1500).

Com relação às árvores, além de Caminha, acima mencionado, outro autor cita em sua obra esse aspecto da natureza encontrada. É o caso de Hans Staden que fez seu registro da seguinte forma ao valorizar o aspecto visual:

A América é uma terra extensa. (...) Tem um aspecto aprazível. As árvores estão sempre verdes. (STADEN, 2008, p. 133).

Ainda na obra de Staden, ao se referir às árvores, além da cor, o autor descreve uma determinada espécie utilizada para o transporte dos índios. O trecho abaixo esclarece tal utilidade:

Existe lá um tipo de árvore a que chamam de Igá-ibira. As cascas dessa árvore desprendem-se de cima até embaixo num único pedaço, e, para tanto, eles erigem uma proteção especial em torno da árvore, de forma a que se desprenda inteira. Em seguida pegam a casca e levam-na da montanha até o mar. Aquecem-na com fogo e curvam-na para cima na frente e atrás, mas antes disso amarram no centro pedaços de madeira no sentido transversal, para que não deforme. Assim fazem canoas em que até trinta deles podem ir à guerra. (STADEN, 2008, p.156-157).

As árvores que chamaram a atenção de Hans Staden pela beleza e utilidade, são descritas sob outro olhar na obra de Pêro de Magalhães Gândavo. Primeiramente, registrando a manifestação da natureza devido à existência de muitas árvores:

[...] e quando amanhece as mais das vezes està o Ceo todo coberto de nuvens, e assi as mais das manhãs chove nestas partes, e fica a terra toda coberta de nevoa por respeito de ter muitos arvoredos que chamão a si todos estes humores. (GÂNDAVO, 1980, cap. II).

Além da grande quantidade causadora de névoas, uma função medicinal é citada pelo autor. Esse é outro aspecto abordado, conforme o trecho a seguir:

Hum certo genero de arvores ha tambem pelo mato dentro na Capitania de Pernambuco a que chamam Copahibas de que se tira balsamo mui salutifero e proveitoso em extremo, para enfermidades de muitas maneiras [...]. (GÂNDAVO, 1980, cap.V).

Gândavo citou, além dessa primeira espécie usada para fins medicinais, uma outra, também utilizada na fabricação de um bálsamo. A evidência disso é o seguinte trecho:

Outras arvores differentes destas ha na Capitania dos llhéos, e na do Spirito Santo a que chamão Caborahibas, de que tambem se tira outro balsamo: o qual sae da casca da mesma arvore, e cheira suavissimamente. Tambem aproveita para as mesmas enfermidades [...]. (GÂNDAVO, 1980, cap. V).

Após a descrição de Pero de Magalhães Gândavo em suas observações sobre o uso medicinal da natureza, citamos o registro de André Thevet, descrevendo a conhecida atualmente como bananeira:

E como estamos falando de árvores, descreverei mais uma, não para ampliar este relato, mas sim movido pela grande virtude e incrível singularidade das coisas, pois nada de semelhante se encontra na Europa, na Ásia ou na África. Trata-se de uma árvore que os selvagens chamam de pacuer, porventura a mais admirável que se possa encontrar. Em primeiro lugar, do chão à rama, não tem ela mais de uma braça de altura, aproximadamente, e seu tronco tem uma grossura tal que um homem pode cingi-lo com as duas mãos. Isso, entenda-se, depois de crescida. E seu caule é tão macio que pode ser cortado facilmente com uma faca. (OLIVIERI, A. C.; VILLA, M. A., 2008, p. 62).

De acordo com a citação acima, sobre a impressão de Thevet, a natureza brasileira causa admiração por suas incríveis características. As árvores grandiosas e tão admiradas estão registradas nessas obras de várias formas.
Um exemplo importante sobre descrição da natureza é a que trata da árvore que dá nome ao país. A obra de Jean de Léry descreve a árvore do pau-brasil, conforme o exemplo abaixo:

Ao falar das arvores deste paiz devo começar pela mais conhecida entre nós, esse pau-brail de que a terra, por influencia nossa, tomou o nome e é tão apreciado graças á tinta que delle se extrahe. Os selvagens o chamam arabutan. Notamos que é arvore que engalha como o carvalho das nossas florestas, havendo algumas tão grossas que tres homens não lhes abraçariam o tronco. (LERY,1880, cap XIII).

Com a citação acima, juntamente com a demais sobre a natureza do Brasil representada pelas árvores, é interessante notar a riqueza de informações registradas, das mais diversas formas e ênfases, evidenciando a grande variedade de árvores encontradas pelos cronistas.

Sobre os frutos

a qualidade dos frutos encontrados nas terras do Brasil também foi registrada pelos cronistas, juntamente com uma informação que apresenta a relação tempo-natureza.
Pero Vaz de Caminha fez uma referência à qualidade dos palmitos encontrados, conforme o trecho a seguir:

Andamos por aí vendo a ribeira, a qual é de muita água e muito boa. Ao longo dela há muitas palmas, não muito altas, em que há mui bons palmitos. Colhemos e comemos muitos deles. (CAMINHA, 1500).

Sob um olhar diferente em relação ao de Caminha, as frutas são mencionadas por Hans Staden como uma referência de tempo para os índios. Maiores detalhes podem ser observados com a citação abaixo:

Quando querem empreender uma expedição guerreira no território do inimigo, os chefes reúnem-se e discutem como isto deve ser feito. Informam os homens em todas as cabanas para que se armem e, nessa ocasião, mencionam uma espécie de fruta de uma árvore; partem quando a fruta amadurece, pois não conhecem nem os anos nem os dias. (STADEN, 2008, p. 158).

Conforme o aspecto abordado por Staden na citação acima, além do uso para a alimentação, as frutas tinham o importante papel de marcar o tempo para os indígenas, possibilitando assim a organização de seus planos de guerra.
Já na obra de Pero de Magalhães Gândavo, encontramos uma informação sobre a existência de pessoas alimentadas durante dias apenas por frutas. O trecho a seguir mostra:

Outras muitas fruitas ha nesta Provincia de diversas qualidades comuns a todos, e são tantas que já se acharão pela terra dentro algumas pessoas as quaes se sustentavão com ellas muitos dias sem outro mantimento algum. Estas que aqui escrevo, são as que os portuguezes têm entre si em mais estima, e as melhores da terra. (GÂNDAVO, 1980, cap, V).

Além da fartura vista por Gândavo, garantindo inclusive a sobrevivência, as frutas impressionaram outro autor, André Thevet, que registra a sua opinião sobre a excelente qualidade dos frutos encontrados, conforme o seguinte trecho:

Quanto ao território de toda a América, é muito fértil em árvores que dão frutos excelentes [...]. (OLIVIERI, A. C.; VILLA, M. A., 2008, p. 60).

Esses frutos excelentes citados por Thevet recebem elogios também na obra de Léry, conforme o seguinte trecho encontrado:

Vendo-nos mais refeitos, mandaram incontinenti servir, à sua moda, ótimas carnes, como veação, aves, peixes e frutos deliciosos, que nunca lhes faltam. (OLIVIERI, A. C.; VILLA, M. A., 2008, p.78).

Deliciosos frutos citados acima, que impressionaram também por sua variedade. Todos os autores registraram as características que tornavam esses frutos tão especiais e pelos quais eles tinham grande estima. Frutos que demonstram todo o potencial da natureza existente.

Sobre as águas

As águas existentes no Brasil chamaram a atenção dos cronistas pela sua grande quantidade. A beleza dos rios também foi registrada por esses autores.
Na Carta de Pero Vaz de Caminha as águas foram mencionadas pela quantidade de água, conforme o trecho a seguir:

Passaram um rio que corre por aí, de água doce e de muita água, que lhes dava pela braga, e muitos outros com ele. (CAMINHA, 1500).

Além da informação acima sobre a existência de muita água no Brasil, a Carta de Caminha apresenta-nos mais outro:

Andamos por aí vendo a ribeira, a qual é de muita água e muito boa. (CAMINHA,1500).

As águas do Brasil citadas na Carta de Pero Vaz de Caminha pela abundância e qualidade, encontraram lugar também na obra de Hans Staden por sua beleza e quantidade. Pode-se notar isso, com o trecho a seguir:

Entre as montanhas há numerosos e belos cursos de água, onde há caça em abundância. (STADEN, 2008, p.134).

Com essa citação, é possível verificar que as águas faziam parte de vários outros aspectos que marcavam a natureza do país, como por exemplo, a farta existência de caça.
Pero de Magalhães Gândavo refere-se às águas como infinitas, registrando a existência de rios existentes, conforme a citação a seguir:

As fontes que ha na terra sam infinitas, cujas agoas fazem crescer a muitos e mui grandes rios que por esta costa, assi da banda do Norte, como do Oriente, entram no mar Oceano. (GÂNDAVO, 1980, cap. II).

Além do registro sobre os rios por Gândavo, as águas aparecem na narrativa de André Thevet, apontando para a sua extensão. O trecho abaixo é um exemplo disso:

São essas terras situadas realmente entre os trópicos, indo além do Trópico de Capricórnio, confinando do lado ocidental com Temistitã e as Molucas; ao sul, com o estreito de Magalhães, e dos dois lados com o Mar Oceano e o Pacífico. É verdade que perto de Daren e Furna a terra é muito estreita, pois o mar a adentra muito dos dois lados. (OLIVIERI, A. C.; VILLA, M. A., 2008, p.60).

O trecho anteriormente citado demonstra a noção de extensão percebida por Thevet.
Já na obra de Léry, destacamos seu registro quanto à formosura dos rios, segundo o trecho a seguir:

Na terra firme que rodeia este braço de mar existem, ao fundo, mais dois formosos rios d'agua doce, affluentes d'aquelle, nos quaes naveguei com outros patricios por uma vinte leguas interior a dentro, parando nas muitas aldeias de selvagens que alli existem dum lado e de outro. (LERY, 1880, cap. VII).

Pela citação acima, notamos o registro da beleza dos rios existentes feita por Léry, concordando com os demais cronistas ao relatarem sobre a formosura dos rios, águas doces e muita água encontrada.
Ao registrarem suas impressões, mesmo que sob olhares diferentes, os cronistas apontaram em suas obras a força que possui a natureza brasileira: na variedade das árvores, dos frutos, a abundância da águas, o plantio e sustento dos índios etc. Muitas outras informações são levantadas pelos cronistas e com ricos detalhes, abrangendo também a caça, os animais e o modo de vida dos povos que habitavam as terras do Brasil.
Todas essas considerações a respeito das grandezas naturais têm a finalidade de evidenciar a força da presença diversificada e extravagante em cores e espécies, caracterizando o país. E tudo isso já acontece há muito tempo, entretanto, as pessoas têm deixado de reconhecer essa riqueza natural.
A natureza que no passado, impressionou homens desbravadores, atualmente sofre os maus tratos de um povo que não cuida e nem valoriza algo que desde o princípio de sua história tem caracterizado essa nação: a natureza exuberante.